Uma das minhas queixas da vida, é que muitas pessoas que estão loucas para me conhecer ficam ao meu lado ouvindo, mas não me fazem perguntas.
Eu prefiro ser útil respondendo uma pergunta, do que ficar falando o que eu acho que vocês precisam ouvir.
Eu aprendo mais com perguntas do que ficar falando por aí.
Aliás, um dos meus critérios para avaliar uma personalidade, um economista, um sindicalista são pelas perguntas que eles me fazem e se entenderam as respostas.
“O que você achou dele?”
“Estranho, não me fez uma única pergunta.”
É uma frustração porque estudei para caramba, pesquisei mais ainda, acho que tenho experiências para contar, mas ninguém pergunta.
Semana passada me sentei ao lado de quem queria me conhecer, e depois de uma hora eu comentei “você ainda não me fez uma única pergunta”.
Foi aí que descobri a razão da minha frustração.
“Nas perguntas feitas é que se mostra ignorância.”
Aí entendi por que Ciro Gomes, então Ministro da Fazenda, não me fez uma única pergunta quando entreguei o estudo sobre superestimação da inflação.
Por não me fazer perguntas ele não corrigiu o erro e destruiu o Plano Real.
Com juros cavalares para impedir a volta de uma inflação que não existia.
Com a volta da confiança os prazos de pagamento aumentaram com juros embutidos, mas não a inflação propriamente dita.
Aí entendi por que o Presidente Collor não me fez perguntas quando entreguei o mesmo estudo, e mais uma vez a inflação explodiu por ser superestimada.
Saquei que ele não queria mostrar ignorância para mim, mas ele era o Presidente e eu não, portanto por que o melindre?
O famoso Prof. Marins, antropólogo que é, explica melhor esse fenômeno.
“Há um grande engano quando se pensa que uma pessoa brilhante é aquela que tem respostas para tudo.
Na verdade, brilhante é quem pergunta.
Isso porque existem mais respostas erradas do que perguntas certas.
É uma pena que nós, brasileiros, não sejamos educados a perguntar.
A maioria das pessoas tem vergonha de perguntar e, com isto, deixam de mostrar o quanto são inteligentes e brilhantes.
Não sei de onde veio a ideia de que quem pergunta é ignorante.
A verdade é que quem não pergunta é que viverá na ignorância, e não o contrário.”
Portanto, se você encontrar uma pessoa mais brilhante que você, faça perguntas inteligentes do que comentários bobos como encontramos todos os dias nas redes sociais.
É o que sempre fiz. Perguntar.
Como conversar com o Senhor ? Tenho tantas coisas que gostaria de lhe perguntar
Parabéns professor!
Mais uma postagem de excelência, melhor que muita aula que já vi, em menos de 3 minutos de leitura.
Visando contribuir com perguntas e pedindo para você inaugurar uma nova seção neste blog “Pergunte ao Kanitz”:
– Qual o caminho para profissionalizarmos e responsabilizarmos os políticos brasileiros em gestão pública?
Acredito que cada vez mais vejo que devemos nos mobilizar para exigir isso.
Pode contribuir com esse tema?
outra necessidade básica para o desenvolvimento pessoal e coletivo, é a cultura do BRAINSTORMING, I THINK SO!
Ótimo, muito bom.
Já que o tópico é perguntar…
Existe a sorte? O Senhor acredita em sorte?
Mais um texto sobre um tema originalíssimo. Criatívo e muito oportuno! Parabéns e obrigadíssimo, prof. Kanitz!
Mais um texto sobre um tema quase desconhecido, e oportuníssimo! Parabéns e obrigado, professor!
COMPLEMENTO
Desculpem os comentários repetidos, falha do navegador. Me permitam colocar o texto que foi cortado:
O ditado entre aspas, que dá título, explica o medo das pessoas de se exporem perguntando, mas o medo de questionar e aprender também é dramático, além da fúria quando são contestadas!
Waldir Amaral, famoso narrador de futebol da rádio Globo do Rio, nos conta um caso interessante. Nos anos 60, nosso campeão de boxe Eder Jofre ia defender seu título no Japão, contra Masahiko Harada. As rádios Bandeirantes, de São Paulo e Globo, do Rio, se uniram para transmitir em conjunto, reduzindo custo. A equipe da Bandeirantes faria a narração e Waldir Amaral comentaria para a Globo. Como a viagem para o Japão era longa e Waldir não sabia nada de boxe, comprou no aeroporto um livro sobre o assunto, para ler durante o voo. Minutos antes de começar a transmissão, a tragedia: a aparelhagem da Bandeirantes deu pane irrecuperável. O jeito foi Waldir narrar a luta. No meio da transmissão, Waldir ouviu a equipe da Band comentar, baixinho: “esse carioca pode não entender nada de futebol, mas de boxe ele entende!”
Um prêmio a quem não teve medo de aprender, mesmo em cima da hora!
Abraços!
Professor, seu texto me fez lembra que há muito tempo atrás, se não me engano na GNT, tinha uma chamada que falava o seguinte: ” O que move o mundo não são as respostas, e sim as perguntas”.
Parabéns, mais uma vez.
Excelente Professor Kanitz. Falar pouco e saber ouvir é tudo que aprendi. Saber perguntar é fundamental para qualquer gestor e empresário de sucesso. Obrigado por mais uma pérola.
Sempre dizemos a nossos interlocutores: “Ninguém sabe o que o calado quer… (saber, neste caso).”
E: “o óbvio deve ser falado”. Neste caso se o óbvio não for tão óbvio, deve ser perguntado.
Para encerrar, quando um “ignorante” assumido (porque não sabe, mesmo) pergunta, os demais, que têm medo de assumir o desconhecimento, sentem-se aliviados, pois não tiveram que expor a sua “ignorância”.
Belo texto, para que ponhamos os pés no chão e assumamos nossa ignorância acerca de alguns assuntos desconhecidos.
Infelizmente, no nosso país, somos instruídos a não perguntar. Perguntar é feio. Se vc pergunta é pq não entendeu nada, etc… Meu pai, durante toda a vida me rebatia com outra pergunta tudo que eu questionava. não deu outra: parei de perguntar!
Porque com o passar dos anos somos desencorajados a continuar a fazer perguntas? Desencorajados a sermos curiosos e experimentar para ver no que vai dar? Existe a pecha de ‘perguntador’, ‘torrador de paciências’ e outras alcunhas que podem ser lançadas. E se há uma coisa que aprendi nesta longa estrada da vida (ao qual eu acredito que estou na metade dela) é que tenho que estudar e aprender a como perguntar.
Obrigado sr. Stephen, por este artigo inesquecível e pelo artigo publicado na revista Veja em 2002 que li, nunca esqueci e levo comigo os seus ensinamentos: Sempre Leia o Original.