Como Destruíram a Capacidade de Emprestar das Nações

o que eles chamam de “imperfeições e volatilidade do mercado”.

Quanto mais volátil, melhor.

Existem escolas de economia que se especializam nisto e muitos que se matriculam nestas faculdades querem ficar ricos antes dos 30, especulando e “arbitrando o mercado”, nestas máquinas de fazer milionários, a um custo enorme para a humanidade.

Essas teorias ao longo dos últimos 30 anos desmoronaram enormes departamentos de análise de crédito, que avaliavam cuidadosamente cada empréstimo, emprestador, sócio, plano de negócio, estrutura societária, nível de satisfação dos clientes, clima organizacional, ameaças tecnológicas, caráter dos compromissados, e mais 50 critérios importantes antes de conceder crédito.

Substituídos pela variância e covariância dos preços.

Estas teorias enganaram gestores de Bancos ao assegurarem que risco poderia ser determinado de forma mais simples e mais barata, pela volatilidade dos preços dos ativos, e por cinco outros critérios estatísticos:

Delta, Vega, Theta, Rho e Gamma, analistas de crédito foram substituídos nos Estados Unidos por PHDs em Economia, como aponta Michael Lewis no seu livro Liar’s Poker.

No Brasil foram substituídos por engenheiros da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.

Gerentes de Bancos, que conheciam tudo sobre os clientes nas pequenas cidades, foram lentamente perdendo poder para a matriz, esta situada a 1.000 km de distância.

O barato saiu caro. Muito caro.

Pode ter destruído 500 anos de história da Europa e dos Estados Unidos.

Hoje, Hedge Funds financiam 100 vezes mais estes “derivativos” do que atividades produtivas.

Os modelos econométricos se revelaram totalmente podres, e as “economias” de barateamento de custos não se materializaram conforme prometido.

Ao destruírem o sistema de análise creditícia do mundo, destruíram a capacidade de emprestar do setor financeiro, e por isto esta recessão não sai do lugar.

Como reconstruir a inteligência creditícia do mundo, destruída pela Escola Neoliberal de Chicago?

Esta é a verdadeira questão que deveria ser discutida pelos intelectuais de esquerda, mas que, infelizmente, nada criticam.

Resta a você, administrador, advogado, contador, lutar para sermos uma civilização que analisa corretamente financiamentos do setor produtivo como fizemos por centenas de anos.

6 Comments on Como Destruíram a Capacidade de Emprestar das Nações

  1. Caro Mestre Kanitz, o Senhor está esquecendo de um importante detalhe. As teorias desenvolvidas por Fischer Black e Myron Scholes funcionam muito bem no papel, mas na prática são um desastre. A maior prova disso é o fato de o “Doutor” Scholes já ter “quebrado” dois fundos ao tentar colocar suas teorias em prática: o LTCM em 1998 e o Platinum Grove Asset Management em 2008. Ou seja, o modelo matemático Black & Scholes desenvolvido por ele e por seu colega já falecido não são a “máquina de fazer dinheiro” que parecem ser. Depois do segundo fracasso, o “Professor” não teve outra alternativa a não ser voltar a dar aulas…

  2. Caro Kanitz,
    Gostaria que você num futuro artigo comparasse a reforma no sistema financeiro que o senhor defende e a reforma que o governo Obama, tão criticado por você, defende. Gente heterodoxa como o professor Belluzzo também acha que o sistema financeiro deve ser reformado. Por isso fica a questão: o que deveria ser mantido no sistema econômico atual (e que os esquerdistas criticam erradamente) e o que deveria ser mudado?

  3. Prof. Kanitz,
    A “culpa” não é de Chicago.
    A Chicago Board of Trade é de 1800 e qualquer coisa. Também tem mais de 100 anos. Lá que surgiram as primeiras rodadas de negociação dos comerciantes americanos de grãos. Encontravam-se compradores e produtores e esses fechavam seus negócios. Uma primeira forma de organização dos mercados.
    Com o tempo foram chamados de “contratos futuros”, “a termo”, “hedge”, “swaps” e outros. Depois o que aconteceu foram circunstâncias da modernização, o desenvolvimento do mundo moderno, que ocorreu (e ocorre) em qualquer setor produtivo.

  4. Prof.Kanitz
    Sois um romântico, o que não é demérito, mas dinheiro não tem moral e tudo que estamos vendo é a oportunidade que as circunstâncias criaram.Buscou-se uma desregulação em prol de uma liberdade que se supunha auto regulatória (pelo menos alguns iludidos)criaram-se instrumentos ‘derivados’ que acredita-se contribuiriam para a auto regulação do sistema e esqueceram-se de combinar com os russos como disse o sábio garrincha.esqueceram-se de colocar a democracia na na auto regulação. Na mão de poucos o monopólio da banca é quase um caminho natural.Não são os economistas, não são os administradores.È a política, são as ‘decisões’ que desenham o porvir.O que vemos é consequência do conjunto das decisões e suas circunstâncias temporais (a história incluída). Esqueça os culpados

  5. Escrevi um artigo como reposta, mas destaco meu principal posicionamento:
    Concordo que a especulação por trás dos derivativos é que fomentaram as principais crises desde a crise do petróleo na década de 70, mas o Prof Kanitz esquece que objetivo inicial dos derivativos não era a especulação, com a consequente inserção da volatilidade nos mercados, mas exatamente o contrário: a eliminação da mesma. Neste ponto, creio que o Prof. Kanitz erra ao confundir a faca com o assassino.
    http://monteiroforex.blogs.advfn.com/2011/10/19/sao-os-derivativos-os-viloes/

  6. Caro Sr. Kanitz, na minha modesta opinião, a nossa sociedade precisa resgatar o papel dos seus sábios, dos seus mestres para sairmos desta maldita cadeia de ignorância que ata todos ao preconceito e as trevas. Como o Sr. destaca em diversos artigos, com muita maestria, a pergunta bem feita traz um bocado de luz. Então as perguntas corretas não deveriam ser: Onde estão os verdadeiros sábios e mestres do nosso país? Por que não damos a palavra a estes que estão nas comunidades, nas escolas, nas empresas e muitas vezes esquecidos por todos?
    Não acredito que o problema se concentra em qual profissão se exerce ou se escolhe mais simplesmente na questão do uso bom senso.

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