Adoção Gay. Uma Adaptação Evolutiva ou uma Reação Cultural à União Homoafetiva?

[pullquote]A sociedade está dizendo claramente aos casais gays que não aceita uniões homoafetivas se não houver “filhos”. Um preconceito conservador.[/pullquote]

 

 

 

 

 

Por que um casal heterossexual infértil gastaria US$ 40.000,00 para uma agência de adoção chinesa encontrar uma criança para adoção?

Por que este casal se dispõe a quebrar leis internacionais só pelo desejo de “ter” um filho?

Do ponto de vista antropológico e genético, tias e tios “inférteis” já estão adaptados para cuidar de seus sobrinhos e sobrinhas, com os quais compartilham 25% de seus genes.

Por que então, hoje em dia, estes casais preferem renegar os seus próprios sobrinhos e sobrinhas para cuidar de uma criança com quem não dividem nem 1% de seus alelos?

O ICED entrevistou casais que tiveram dificuldade para engravidar e 100% afirmaram ter tido pressões para terem filhos pela sociedade, amigos e parentes principalmente.

Será que esta é a razão que pressiona casais inférteis a desesperadamente adotar uma criança, para se sentirem completos como casais, para serem aceitos pela sociedade?

Obviamente é um preconceito cultural conservador que precisamos eliminar, cuidar de sobrinhos ou simplesmente não ter filhos não deveria ser considerado um estigma. 

Casais inférteis não precisam “ter” filhos para se sentir “completos” diante da sociedade. 

Recentemente uma reportagem sobre casamento transmitida por um destes canais a cabo, devotou metade do seu tempo para as novas formas de casamento, e em particular ao casamento gay.

A entrevistadora não conseguia esconder a sua satisfação em se mostrar progressista, moderna e não preconceituosa.

Mas uma das perguntas foi “Vocês não estão pensando em ter filhos?

O casal gay quase caiu da cadeira.

É fisicamente impossível casais gays “terem” filhos.

A jornalista “progressista” estava dando mais uma mostra de preconceito heterossexual, contra casais gays e casais inférteis, sem mostrar o menor respeito ao casal gay.

Em nenhum momento 50 anos atrás, a maioria dos casais gays pensava em ter filhos. 

Eu estou convencido de que é esta pressão conservadora e religiosa que está levando os homossexuais a uma corrida de barrigas de aluguel, inseminação artificial, adoção, etc.

Cuidar de sobrinhos não seria uma função tão nobre quanto para homossexuais, o famoso tio gay?

Eles compartilham 25% dos genes com seus sobrinhos, em vez de 50%, faz tanta diferença?

O constrangimento do casal gay na TV ficou visível, nem um nem outro havia pensando no assunto, e por que deveriam?

Estavam sendo pressionados em público a “ter” filhos, da mesma forma que todo casal heterossexual que decida não ter filhos é pressionado.

Ou seja, a sociedade está dizendo aos gays que não aceita uniões homoafetivas se não houver “filhos”.

É só o que faltava.

Depois de toda a luta pelo casamento gay, os homossexuais continuam a não ser aceitos, a não ser que tenham filhos.

Em vez de lutarem na justiça para poderem “ter” filhos, a luta deveria ser outra.

A luta correta seria mostrar que casais que se amam, gays ou heterossexuais, já são completos, não precisam “ter” filhos para serem aceitos.

Especialmente num mundo superpopuloso, exigir que casais inférteis e gays reneguem os cuidados que já estariam devotando a sobrinhos e sobrinhas e ao mundo em geral, a favor de adotar filhos e comprar barrigas de aluguel, é algo para se refletir melhor.

Eu preferiria que um casal gay estivesse escrevendo isto, e não eu, porque sei que estou escrevendo em campo minado e posso não estar tratando do assunto de uma forma politicamente correta.

Não estou escrevendo contra a adoção gay.

Não estou dizendo que casais gays não devem ou não poderiam adotar crianças.

Na minha opinião, estou dizendo que não precisam, algo bem diferente.

A minha razão de estar me metendo é que eu e minha esposa fizemos parte por bom tempo do grupo “casais inférteis”, e sentimos este preconceito na pele. 

Por seis anos passamos pelo “e vocês ainda não têm filhos?”

Sei do constrangimento que esta apresentadora causou, que ela é um espelho de muitos outros formadores de opinião, revistas e jornais, que estão levando o seguinte recado para a nossa comunidade gay:

Nós ainda não iremos aceitá-los, apesar de casados. Nós continuaremos o preconceito conservador e de direita de somente aceitá-los como unidos e normais, se tiverem filhos como todo heterossexual casado da sociedade.

O mesmo preconceito que casais inférteis passam o tempo todo. 

Gays estão sendo literalmente empurrados pela mídia, pela Globo, a ter filhos via barrigas de aluguel ou adoção das crianças abandonadas do mundo.

Só que a obrigação de adotar estas crianças não recai somente aos gays e aos casais inférteis. 

A obrigação de adotar crianças abandonadas é de todos.

Algo para se pensar.

PS. Depois de seis anos tivemos dois filhos maravilhosos. 

3 Comments on Adoção Gay. Uma Adaptação Evolutiva ou uma Reação Cultural à União Homoafetiva?

  1. É interessante e o tema vale o debate e a discussão.. Porém, o professor pareceu transmitir a mensagem de que gays, em geral, não desejam “ter” filhos. Faltam dados para que a discussão avance. Afinal, o que garante que essas pessoas que são “vítimas” da “pressão” da sociedade não passam de 0,1%? Algo para se pensar.

  2. Recentemente, assistindo ao programa Silvio Santos quando estava presente a drag Nany People, o apresentadar a indagou se ela não tinha filhos. A mesma respondeu “Não dei frutos mas dei sombra. Ajudei a criar e educar dois sobrinhos”. Confesso que naquele momento veio por terra todo o preconceito pela personagem, revelando que por trás de toda aquela maquiagem há uma pessoa que batalha e tem um comprometimento com sua familia muito maior do que aquele pai que bate no peito dizendo que tem um filho moço e há muito tempo não deposita sequer a pensão alimentícia. Pergunto quem dos dois casos é o mais homem?

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