Esse gráfico explica a crise de 1929, a crise de 2008, os lucros espetaculares dos bancos, o poder desmesurado do setor financeiro, o poder dos bancos sobre dezenas de setores da economia.
Se você ler até o final, especialmente se você for anticapitalista, terá uma surpresa desagradável, que lhe obrigará a mudar de lado.
É um gráfico que detalha o grau de alavancagem das principais indústrias brasileiras.
Para cada 100 reais de capital social, a maioria das empresas se arrisca a tomar no máximo mais 60 de dívida.
O que me chamou a atenção é como os graus de alavancagem são semelhantes entre setores díspares, não existe muita teoria por trás, é costume.
Essa baixa alavancagem explica por que temos poucas “crises industriais e comerciárias”.
Mas tem um único setor que se destaca: o Setor Financeiro.
Graças à proteção do Estado, à coordenação do Banco Central, aos empréstimos emergenciais, ao Acordo da Basileia entre bancos de todos os países, ao Fundo Garantidor Dos Bancos no valor de 87 bilhões, os donos dos bancos podem alavancar não 60%, mas 1.300% o seu capital original.
Isso só é possível pela intervenção do Estado, pela ajuda do Estado, pelo apoio do Estado.
E sabemos o porquê, os bancos são grandes aliados no financiamento do Estado.
Volte ao gráfico e perceba que, assim, o poder de fogo do setor bancário é quase igual a todos os outros.
Ou seja, o sistema bancário nada tem a ver com o capitalismo, pelo contrário. É um setor autorizado pelo Estado, incentivado pelo Estado, protegido pelo Estado.
A direita, os liberais, os comunitários, os conservadores jamais aceitariam tal poder do Estado sobre a economia de um país.
Portanto, antes de achar que o sistema bancário faz parte do capitalismo repense com cuidado, essa é uma concepção transmitida há séculos que ninguém nunca questiona.
Está alavancagem financeira funciona bem quando os saques são previstos estatisticamente.
As crises bancárias podem acontecer numa situação de crise de credibilidade, quando os saques saem da curva normal.
Ou seja, é por isso que os governos tem mais interesse em ajudar os bancos do que outros setores em momentos de crise. Vide 2008.
13x a alavancagem do Financeiro, número cabalístico? Premonitório?
Muito bom, não tinha pensado nisto antes, aí está o porque do apoio macisso dos bancos ao PT. E também como houve um crescimento estrondoso das empreiteiras e JBS na era petista.
Apoio ao Paulo Guedes também. Não se esqueça.
Pelo menos nessa época, havia obras e consequentemente bons Empregos. Hoje, emprego é só para faxineiro…
Incrível!
Ao mesmo tempo, o setor bancário é o mais antigo entre eles, com aproximadamente 1000 anos e já se comunicavam entre si desde aquela época, na Europa.
Exatamente o que Ciro Gomes vem falando há anos…
Oi Prof. Kanitz!
Desculpe mas, para mim, esse gráfico não explicou nada. Nem sei sei se a palavra alavancagem, tal como está, reflete a realidade das empresas financeiras, pois empréstimos e financiamentos são o negócio deles. Enquanto nos demais setores alavancagem tem a ver com com endividamento (empréstimos), os bancos emprestam o dinheiro DOS OUTROS (correntistas e aplicadores), e lucram com as diferenças de juros captados e pagos. Tanto que sempre lucraram (e muito) com o recolhimento compulsório de parte da grana dos correntistas ao Banco Central, geravam com juros de até 16% em governos anteriores, gerando lucros astronômicos, bancos, e ficaram furiosos com o governo Bolsonaro quando Guedes derrubou para 2%. Claro, posso estar entendendo errado.
Abraço.
O problema ta justamente esse. É cultural, porém é equivocado entender como o negócio dos bancos emprestimos, e financiamentos, consórcios, cartões, etc…
Infelizmente, não vejo ngm querendo colocar o dedo na ferida
Sabemos quão forte os bancos têm sido neste país se nos lembrarmos que o § 3 do art 192 da Constituição de 1988, foi suspenso em menos de 24hs após sua promulgação e depois foi eliminado em 2003. Tratava da limitação dos juros aos 12% ao ano tradicionais desde Roma. Quando da privatização do BANESPA , a constituição do Estado SP foi alterada, se me lembro bem, numa reunião noturna, convocada a toque de caixa da Assembleia, para que um banco não estatal assumisse a folha pagamentos do funcionalismo. Agora me parece estarem pagando pesquisas contra eleição do Bolsonaro, pois recentemente perderam alguns bi. E ainda houve gente que conseguiu quebrar bancos….
Dificilmente se aceitaria um sistema financeiro islâmico por aqui, lobby nas câmaras em Brasília não existe, e corporativismo no BC idem.
No Brasil se tem medo de enfrentar os problemas.
Parabéns poucos economistas sabem o que significa Finanças islâmicas, ( sem alavancagem )