Carta Aberta aos Deputados Federais

Vocês têm toda a razão quando se sentem usados pelo Ministro da Economia que quer que vocês apunhalem nas costas os futuros e atuais aposentados com uma Reforma da Previdência.

Não foram justamente estes mesmíssimos Ministros da Economia, desde Delfim Netto até o próprio Paulo Guedes nesses três meses de governo, que se apropriaram de nossas contribuições previdenciárias ao ritmo de 60 bilhões por mês, 700 bilhões por ano?

Eles são os verdadeiros irresponsáveis, pois sequer constituíram uma provisão para uma dívida que todos sabiam que venceria em 30 anos, como manda a Administração Responsável da Nações e todas as empresas.

Provisionaram zero, e seu direito à aposentadoria também é zero. Simples assim.

Só que todos vocês Deputados são igualmente culpados, ou até mais, por serem 540 e não um único Ministro irresponsável.

Todos vocês aprovaram o Orçamento da União, ano após ano, onde ficava claro que nenhuma Provisão Para Aposentadorias Futuras estava sendo acumulada.

Nenhum dos 540 deputados alertou os outros desse crime aos futuros aposentados, nem os economistas como Rodrigo Maia.

Todos vocês aprovaram essa farra fiscal, e mais, estimularam essa farra porque quanto maior o orçamento mais vocês poderiam gastar.

Portanto, saibam que a maioria da população está enojada com o descaso de vocês nesses 50 anos.

Não nos digam que nenhum de vocês percebeu que nossos Ministros da Economia estavam metendo a mão, inclusive nas suas aposentadorias?

Vocês são é muito incompetentes e preguiçosos, estou mostrando isso há 30 anos, e não vi interesse algum em entender mais do assunto.

Pior é que a maioria de vocês nem sabe que a provisão não feita é de 25 trilhões que vocês jamais irão pagar.

Acho estranho que nenhum membro desse Governo nem dos governos passados, revela o tamanho dessa dívida atuarial não provisionada.

Adivinhem por quê?

11 Comments on Carta Aberta aos Deputados Federais

  1. Acho que à partir do momento que passou haver déficit, não tem como responsabilizar por não provisionar. Estes devem ser responsáveis por não reformar de forma consistente. E, nesse caso, Guedes não pode ser responsabilizando. Ele tenta reformar desde a campanha eleitoral.

  2. É realmente uma situação muito complexa comparar o público com o privado. No privado se um gestor “se esquece” de realizar qualquer provisionamento, ele paga esta falha com sua cadeira, quando não é processado civilmente pela incompetência.
    No setor público, este nível de responsabilização é quase impossível. Impossível pois o grupo se autodefende … ninguém vai querer responsabilizar um governante anterior por um problema deste tipo. Se ele fizer assim, no futuro outros terão o mesmo direito de apontar o dedo e nenhum deles quer isto, visto que a carreira pública depende mais da imagem do que da competência.

  3. Muito bem lembrado! É um grande absurdo essa imprevidência estúpida e criminosa de nossos políticos e dos seus assessores ditos “especialistas em economia”. Agora está aí esse rombo impagável que ninguém sabe como vai ficar no futuro.

  4. Concordo que houve irresponsabilidade e farras fiscais. Mas eu só gostaria de saber de “onde” sairia esse “aprovisionamento” de 25 trilhões, em uma economia de PIB per capta que é 1/4 da de qualquer economia desenvolvida, já com enormes “dívidas” sociais também nas áreas de saúde, educação, segurança, com uma carga tributária de quase 40% do PIB, e em um sistema previdenciário de repartição com uma população envelhecendo constantemente. Acho a teoria lógica, em tese, no papel. Mas não resiste á realidade econômica do que foi o Brasil nesses 50 anos. Só um crescimento de produtividade da economia que tivesse nos trazido a um PIB per capta na casa do USD 40 mil poderia, talvez, proporcionar um aprovisionamento desses.Fica só a dúvida…

  5. Sua dúvida, Roberto Coutinho, é bem maior do que expressa, pois acaba colocando no mesmo saco as receitas da União. Além disto, sua noção de produtividade parece se confundir com crescimento, o que não é necessariamente, igual. Houve mais que farra, houve crime de responsabilidade na utilização da arrecadação de cunho previdenciário. Deveria ter sido constituído fundo soberano, para gerar receita de juro e contribuir para o crescimento. O que houve foi apropriação indébita. Por outro lado, as graves deficiências em saúde, educação e segurança, são mais por ineficiência no uso do dinheiro público, do que a falta dele. Sempre desafiei meus colegas a darem uma aula de R$ 50 e outra de R$ 200, para que eu visse a diferença. Não há. Bom professor é bom professor e mau professor é um desastre. Pagar mais, só muda o cenário na medida que atrai bons profissionais. O mesmo vale para a saúde e segurança, administradas com incompetência brutal, salvo honrosas exceções. Então, Kanitz está absolutamente certo: não houve provisão ao longo de mais de 50 anos, não houve gestão. Houve apenas, crime. Deveriam todos, ter seus bens confiscados.

  6. Eugenio Arima, sua resposta só me convenceu dos equívocos de raciocínio do Post. Primeiro, porque o argumento de “reunir todas as receitas da união no mesmo saco” é falacioso, pois tenta atribuir superávit à previdência ao incluir todas as receitas da saúde, previdência e assistência social – o que maquia o déficit específico da previdência, que é óbvio pelos números e até pela envelhecimento da população – sua insustentabilidade já existe e só irá aumentar com os anos. E como dizer que haveria dinheiro público suficiente somente com a melhor eficiência do seu gasto (que realmente é ineficiente) quando, em termos de paridade do poder de compra, o PIB per capta do Brasil é uma fração do que é em países desenvolvidos (~ USD 10 mil no Brasil x mais de USD 40 mil nos países desenvolvidos)? E como dizer que eu confundo crescimento da produtividade com crescimento econômico, se estou falando em produtividade em termos de PIB per capta e, com o crescimento populacional do Brasil, a única forma da produtividade ter aumentado, matematicamente, teria sido pelo crescimento econômico maior? E acreditar na formação de um fundo soberano nesse contexto macroeconômico é ilusão. O Brasil só tem um jeito de entrar nos eixos: criar condições para o crescimento robusto da produtividade da sua economia, com crescimento econômico acima de 5% aa, por pelo menos duas gerações (40 a 50 anos), combinado com a diminuição e aumento da eficiência do Estado, para sonhar em ser um País próspero, com geração e distribuição de renda decentes. Daí, dá até para sonhar com coisas como fundo soberano, como existe na Noruega, que tem PIB per capta de USD 60 mil com melhor distribuição de renda (índice Gini). Não vejo confusão alguma nesse pensamento.

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