Entenda o Drama Argentino

 

[pullquote]Deixamos muito especulador rico, inclusive Hedge Funds brasileiros. Nossos títulos rendiam 25% ao ano.[/pullquote]

 

 

 

 

 

Quando os nossos ministros Dilson Funaro e João Sayad decretaram a moratória do Brasil em praça pública, a maioria dos bancos americanos se livrou rapidamente dos nossos títulos, vendendo a preço de banana a especuladores da pior espécie.

Nenhum banco respeitável queria mostrar que era credor de um país como o Brasil, preferindo arcar com um prejuízo já, (e recuperar 50% via dedução do imposto de renda) do que continuar negociando com Dilson Funaro e João Sayad.

Eu fiquei furioso porque Sayad destruiu um ano de trabalho meu convencendo 14.000 Fundos de Pensão, com a ajuda da Towers and Perrin, a substituir o funding da nossa dívida.

Nessa época, eu trabalhava no governo.

Uma vez feita esta enorme bobagem, pagar a dívida “bonitinho” como Pedro Malan acabou fazendo não recupera nossa credibilidade com os bancos originais, que continuam putos, e só engrossa os bolsos dos especuladores que compraram pela metade do preço.

Deixamos muito especulador rico, inclusive Hedge Funds brasileiros. Nossos títulos rendiam 25% ao ano.

Este é o drama da Argentina.

Ela não quer, e eu concordo, pagar 100% da dívida a um bando de abutres porque sabe que isto não melhora a sua reputação.

O correto seria tentar anular a venda original da dívida pelos bancos como quebra de contrato, uma briga jurídica complicada eu sei, e declarar que só paga a dívida integral aos bancos originais, e não para quem eles venderam.

Assim pelo menos, os bancos originais recuperariam parte do prejuízo e deixaria claro que a Argentina não negociará nunca com especuladores, algo que o Brasil acabou fazendo.

Esta é mais uma consequência do decreto lei 7988, a lei que criou a profissão do Economista, que mandou fechar a partir de 1946 todas as Faculdades de Administração e Finanças, e todas as faculdades de Atuária.

A Towers and Perrin era a maior empresa de Atuária dos Estados Unidos, por isto ninguém no Brasil pensou nela.

4 Comments on Entenda o Drama Argentino

  1. Prezado Professor Kanitz, o senhor não está sendo muito duro com os compradores de títulos ditos “podres”? O banco original quis vender barato, o especulador quis comprar barato e correr o risco. Ninguém colocou arma na cabeça de ninguém, foi um negócio totalmente consensual.

  2. DISCORDO STEPHEN, ABUTRE EH A ARGENTINA QUE PAGOU SEUS CREDORES COM 70% DE DESAGIO. ISSO EH RAPINAGEM. AH , MAS ELES CREDORES COBRAVAM MUITO DE JUROS. ENTAO NAO ASSINE O EMPRESTIMO E NAO PEGUE O !!!! PEGOU…PAGUE !!!! SENAO VAMOS TODOS AO BANCO DO BRASIL, PEGAMOS UM MONTE DE GRANA EMPRESTADO, FAZEMOS UM ACORDO E PAGAMOS SO 30% !!!!!!!

    ABUTRE EH QUEM NAO PAGA!!!!

    FUI JANTAR OUTRO DIA NUM DETERMINADO LUGAR E QDO VI A CONTA, VI QUE O PRATO CUSTAVA 198,00 !!!!!!! ABSURDO!!!!!!!
    MINHA VONTADE ERA NAO PAGAR E ME ARRANCAR!!!!!!
    MAS PORQUE NAO OLHEI O CARDAPIO COM O PREÇO ALI BONITINHO????
    SE PEDI E PORQUE CONCORDEI COM O PREÇO[POR ACORDAR OU POR DESCONHECIMENTO] , ENTAO PAGUEI E NAO VOLTO MAIS LA , NEM POR DECRETO.

    • los hermanos só querem se dar bem . quando impedem a entrada dos nossos produtos encomendados ( ex maquinas de corte arroz.. ) na fronteira acham muito normal não cumprir os acordos . Imagine o transporte e as máquinas ficarem paradas na fronteira e retornarem. Nós deveríamos ser MUITO duros com eles também, devido a sua postura . O mesmo não acontece com os uruguaios . Além disso , não nos esqueçamos que o lucro está atrelado ao risco dos papéis argentinos. Credor não é entidade beneficiente . Gostaria muito que o Brasil não os tratasse como se fossem a Bolívia ou pobres latino americanos , pois eles não se sentem assim. Infelizmente se não aprendem por bem , tem que ser por mal.

  3. Concordo plenamente com o Newton e o Eduardo. Ao contrair uma dívida, concordei com as condições impostas e cabe a mim tão somente honrar o acordo. Em caso de força maior, poderia no máximo tentar um renegociação.
    A outra opção é dar o calote e arcar com as consequências.

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