Entenda Machiavel e a Argentina

[pullquote]O mundo de hoje é bem pior do que na época de Machiavel. [/pullquote]

 

 

 

 

Machiavel deve ser o pensador político mais injustiçado e mal entendido da humanidade.

Infelizmente, hoje todos são contra os princípios que ele propunha.

Mas ele tinha conselhos que trazem luzes às encrencas como a da Argentina.

Na época de Machiavel, os países da época eram simples principados, cidades com plena autonomia, governados por um prefeito por assim dizer.

Machiavel percebeu que os prefeitos não se preocupavam com a população e não permaneciam no poder até o fim do mandato, ao contrário de hoje. 

Logo teriam uma oposição tramando algo para derrubá-lo.

Um grupo interno se unia com o príncipe vizinho, que prometia ajudá-los a derrubar o governo e colocar esta oposição no poder.

Na época de Machiavel, o Brasil há tempos teria salvo os coitados dos argentinos destes 100 anos de decadência, por terem governos corruptos e independentes.

Induzidos pela população sacrificada, o Brasil ou os Estados Unidos há muito já teriam invadido e tirado os peronistas do poder. 

Mas com a “modernidade”, organismos como a ONU e a Comissão de Direitos Humanos acreditam que cada povo tem que derrubar sozinho seus ditadores.

Santa ingenuidade.

Achar que o povo de um país consegue derrubar um ditador, com as tecnologias de espionagem que temos hoje, é francamente impossível.

Alguma ajuda externa é necessária.

Os Estados Unidos teriam acabado com a monarquia Castro, e a Coreia do Sul teria sido convidada pelos irmãos do Norte a tirar o tirano do poder.

Machiavel sabia desta possibilidade, e por isto sugeria ao príncipe se preocupar com o povo, inclusive com a oposição, para nunca esmagá-los a tal ponto que eles entrassem em desespero.

O PT e o PSDB esmagaram a direita neste país, e hoje temos o início do desespero da classe produtora e empreendedora.

O mundo de hoje é bem pior do que na época de Machiavel.

Os governos de hoje são muito mais maquiavélicos do que Machiavel.

1. Hoje os governos não precisam se preocupar com o povo, porque sabem que controlando as suas Forças Armadas de um motim interno terão controle total.

Não há mais a possibilidade de uma ajuda de um país vizinho, como os Estados Unidos, para derrubar um tirano.

É inaceitável.

2. Hoje os governos podem esmagar tranquilamente a oposição, como ocorreu em Cuba, Coreia do Norte, Venezuela, Bolívia, e está em marcha no Brasil.

No máximo terão o protesto do Conselho de Segurança da ONU, e um embargo dos países mais ricos, que hoje são poucos.

3. Cristina Kirchner, por exemplo, pode tranquilamente sequestrar o dinheiro do povo, tomar todo o dinheiro dos fundos de pensão, perseguir a imprensa, neste caso o Clarin, que não há a menor chance de um principado vizinho derrubá-la e libertar um povo que há mais de 70 anos vive sob governos incompetentes.

Se você é contra Machiavel, você é a favor de ditadores. 

Você está do lado de todos aqueles que esmagam, emulam, mantêm o poder à custa da pobreza e emulação do seu povo.

Algo para se Pensar.

5 Comments on Entenda Machiavel e a Argentina

  1. “O PT e o PSDB esmagaram a direita neste país, e hoje temos o início do desespero da classe produtora e empreendedora.”
    Esquisito isso, eu me lembro muito bem que o PSDB era um partido pequeno-o PT menor ainda- de intelectuais, que, se tivesse se permitido participar do governo Collor, teria conseguido um ministério ou outro, seu peso político não permitia mais. Quando a direita (lembra-se do PFL e do PPB, descendentes da velha ARENA?) precisou de alguém para enfrentar Lula em 1989 e 1994, quando este não tinha nenhuma máquina governamental a seu favor (o coronelato não tinha um nome que não fosse desprezado pelos eleitores, como mostrou o desempenho medíocre dos candidatos herdeiros do regime militar em 1989), ela recorreu a Collor (uma novidade populista) e a FHC.
    Se direita brasileira quer mesmo fazer alguma coisa útil pelo país, pode começar abandonando as mitologias autoelogiosas e fazendo uma análise séria do seu passado e das razões que levam os eleitores, que ela xinga de ignorantes e vagabundos, a desprezá-la há mais de um quarto de século..
    Não é preciso ser petista, bolivarianista ou coisa do tipo para se irritar com a cara-de-pau de uma direita que responsabiliza os cidadãos que ela prejudicou (alguém se lembra dos índices socias bizarros do Brasil pré-1994?) pelos seus fracassos eleitorais e por ter que fazer parte da base aliada e pedir dinheiro aos corruptos do PT em vez de ir direto ao cofre, que era a praxe.
    Uma direita que preste seria uma enorme contribuição ao Brasil, pena que os direitistas profissionais estejam ocupados demais se lamuriando por estarem trancados do lado de fora dos cofres (relmente o lado de fora dos cofres públicos é um lugar com que eles ainda não se acostumaram) e se autoelogiando. Nos EUA, nos tempos de Reagan e Bush I, os democratas ficaram 12 anos fora do poder: voltaram com as políticas renovadas de Clinton. Os trabalhistas ficaram quase vinte fora do poder, a contar da ascensão de Thatcher ao cargo de primeira-ministra: os trabalhistas reformaram seu partido e abandonarm dogmas esquerdistas ultrapassados. Quando a direita vai parar de culpar os eleitores e de se lamuriar por não poder mais assaltar o Erário com a frequência de antes (lembram-se da vedete de 11 em cada 10 escândalos da década de 90, o PFL, alguns dos escândalos dele envolvendo as mesmas empreiteiras que agora dão dinheiro ao PT?) e fazer uma autoanálise séria?

  2. “O mundo de hoje é bem pior do que na época de Machiavel.”
    Adoraria ver quanto tempo o senhor duraria sob os Médicis e os Bórgias (não sei se o senhor já ouviu falar deles) se falasse tão mal deles quanto fala dos supostos ditadores brasileiros de hoje (mas a “coragem” de alguns é inversamente proporcional ao risco, não é?). Dizer que a Europa de hoje é pior do que a da época de Maquiavel é estúpido. Mas se estamos falndo da Argentina, talvez “mundo” tenha sido uma hipérbole, e o senhor queira dizer que na América Latina de então, dos índios (O Príncipe é do primeiro terço do Século XVI), os sistemas políticos eram melhores. Ou talvez o senhor esteja falando das belezas da África, da Ásia e da Oceania nos tempos de Maquiavel.
    O senhor esquece que, mesmo incompetentes, os peronistas emergiram fortes depois da queda do regime militar (que foi outro desastre, aparentemente não basta impedir os eleitores de votar para que os governos sejam bons) porque tinham apoio popular, então sejamos honestos: o senhor quer salvar os argentinos (os bolivianos, os brasileiros, os italianos compatriotas de Maquiavel, que deveriam invejar os contemporâneos de Maquiavel) de si mesmos.
    É triste ver uma quinta-coluna tentando desde já vender seus serviços aos “estrangeiros bonzinhos”, que vão nos salvar de nós mesmos (ninguém salvou os russos dos czares e dos bolcheviques; ninguém se mexeu contra Hitler até ele se tornar uma ameaça aos outros países poderosos, não mais só aos alemães e às “raças inferiores”; por outro lado, nós, latino-americanos, fomos salvos de nós mesmos várias vezes com o apoio do “mundo livre”, e o resultado foi tragédia em cima de tragédia) por nenhuma outra razão que seus bons corações, claro.

    • Eu tento ver assim, em retrospectiva. Os peronistas nada mais eram do que os fascistas da Itália tomando o poder na Argentina, país que tem uma ligação muito mais forte com a Itália até do que nós temos. E aqui tínhamos o 2o partido nazista do mundo, em razão da imigração. Assim, falar dos peronistas com a visão favorável que tem as atuais esquerdas daqui é faltar com a isenção.
      No mais o artigo me fez pensar, como quis o professor, e é isso mesmo a atual correlação de forças impede o surgimento de oposições em qualquer país. A única transição de poder que temos visto no terceiro mundo ultimamente foi a da Índia. Sendo que o regime anterior durou meio século. Já outra tomada de poder visto, na Tailândia, envolveu a força militar. Estamos, nós como cidadãos não-partidários, muito mais a mercê do arbítrio dos governantes que outrora, ainda que a comparação não seja perfeita porque outrora inexistia constituição, bem como outros apoios.

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