Sem dúvida as empresas sem capital de giro, 1/3, terão problemas maiores de recuperação, bem na linha que venho mostrando, mesmo assim não deveriam quebrar imediatamente.
Numa recessão as empresas se tornam mais líquidas porque o capital de giro próprio, que estava financiando a produção, é liberado e volta ao caixa.
Mas o que quero mostrar são outros conceitos que muitos não sabem.
Vou usar as empresas aéreas do mundo, onde já li que muitas irão quebrar. Não deveriam porque em alguns meses tudo passará, mas foram as que mais caíram na Bolsa.
Primeiro aprendam a diferença de custos fixos e custos variáveis.
Com uma queda de 80% das receitas caem também muitas das despesas, as despesas variáveis.
Se não me engano combustível é 30% dos custos, taxas de pouso e decolagem mais 10%, horas extras, alimentação, impostos sobre receitas e lucro, custos de overbooking, e assim em diante, talvez 60%.
Sobram 40%, os custos fixos de fato a serem pagos.
Mas muitos custos fixos são depreciação, um lançamento contábil que não implica desembolso de caixa.
O desembolso de caixa foi feito no momento da compra do equipamento, digamos 10 anos atrás.
Sobram três itens importantes: salários de pilotos e pessoal, impostos como FGTS e previdência, e despesas com juros e leasing de avião.
Nessas horas as empresas Socialmente Responsáveis mantêm seu pessoal, 100%.
Seria agora interessante se os sindicatos do PT fizessem acordos de redução de 20% nos salários, em troca de 100% de emprego.
Toda família é capaz de postergar 20% das suas despesas, muitas já irão, ou comprar qualidade inferior, especialmente a classe média incluídos os funcionários públicos, a grande maioria.
Impostos como FGTS podem ser dispensados, se ninguém vai ser despedido.
E despesas de juros e arrendamento podem ser postergadas, inclusive serão.
E toda empresa bem administrada tem reservas financeiras para durar pelo menos quatro a seis meses, e que serão usadas.
Agora vem a razão principal.
Uma empresa só entra em falência quando um credor a exige, quando se vendem todos os ativos da empresa, liquidando-a.
Mas isso somente ocorre quando credores estão com o saco cheio dos atrasos, ninguém acredita mais que a empresa é viável, quando os acionistas não estão mais dispostos a colocar capital.
Não é o caso de nenhuma companhia aérea.
Todo credor e fornecedor sabe que daqui a alguns meses a tormenta passará, e todos querem a sobrevivência dos seus clientes queridos.
NENHUM deles, muito menos os bancos e companhias de leasing, irá pedir a falência de companhias boas, somente daquelas já irrecuperáveis.
As companhias de leasing captam dinheiro de fundos de pensão que só precisarão desse dinheiro daqui 15 a 30 anos.
Esse é o pior setor, os outros sofrem menos.
Tambem acho. Se for bem administrada o maximo wue vai ocorrer e algum atraso
Me perdoe a dificuldade pra interpretar o texto, mas acho que o final do artigo ficou confuso e por isso peço o esclarecimento:
“As companhias de leasing captam dinheiro de fundos de pensão que só precisarão desse dinheiro daqui 15 a 30 anos.
Esse é o pior setor, os outros sofrem menos.”
O pior setor é FUNDOS DE PENSÃO, COMPANHIAS DE LEASING, ou ainda COMPANHIAS AÉREAS?
Obrigado!
Na teoria parece fácil, mas muitas têm dívidas muito altas e não conseguirão pagar os juros…..
Belíssima análise!!!
O problema do pequeno empresário brasileiro é que ele mistura o caixa da PJ com a PF, não faz reserva de emergência e toma empréstimos com juros absurdos.
Tb acredito que as grandes empresas sobreviverão.
Nesta situacao de crise encontramso duas posturas, aqueles que dizem “com esta crise como vamos pagar nossos compromissos” e os que falam ” com esta crise nem preciso pagar meus copromissos” Certamente os primeiros sairao vitoriosos desta crise
A situação não é nada fácil para ninguém, sabemos. Mas, nada como pensar com calma, bom sendo e liberdade, sem alarmismos.
Kanitz, não deixe de escrever suas análises. Elas fazem falta e parabéns por nos dar um norte.
Stephen Kanitz, excelente artigo, mas o que dizer das empresas que têm um custo fixo muito alto? Empresas de outros segmentos não tem boa parte de seu custo variável e sim uma despesa fixa muito alta. Como que fica a situação neste caso?
Aproveitando para registrar: li o seu livro “O Brasil que dá Certo” nos meus 16 para 17 anos, excelente obra. Abs
Muito bom artigo professor,
Reforço que, toda empresa bem gerida, teria que ter um caixa cerca de 6 vezes suas despesas fixas.
Excelente artigo professor Kanitz. Gostaria de pontuar que o cenário traçado não se aplica de forma plena às pequenas e microempresas, que têm grande parte de seu capital de giro investidos em estoques dependendo de seu giro para continuar seus negócios. Considerando a abrupta redução no consumo destas empresas entendo que terão dificuldades para manter seus custos fixos, principalmente salários.
Com a Selic baixa os juros também serão. Isso fará com que as empresas renegociem sem muitas dificuldades. Quem tiver juízo, conseguirá sair da crise sem problemas.