Porque ninguém sente falta deles.
Agora entendo o que aconteceu nesse país.
Somos mal administrados por não termos bons administradores.
E não temos bons administradores porque ninguém sente falta dos administradores que nunca tivemos.
Cite os 10 melhores professores de Administração desse país.
Cite as propostas desses professores sobre como melhorar o Brasil.
Delfim Netto, Bernard Appy e Armínio Fraga são procurados por políticos, para darem palpites.
Mas quem é o administrador que é requisitado para dividir seus conhecimentos práticos e não teóricos?
Por isso nem sabemos coletivamente que somos mal administrados.
Por isso achamos que qualquer um sabe administrar uma empresa ou um país.
E não percebemos que foi isso que levou ao nosso marasmo econômico.
Posso lhes garantir que nessa “Reforma Administrativa” anunciada por Rodrigo Maia, nenhum professor de Administração será sequer consultado, muito menos ouvido.
Hoje percebo que minha grande dificuldade em mostrar as nefastas consequências de termos proibido o ensino de administração no Brasil por mais de 30 anos, é que a falta de administradores não é percebida porque nunca os tivemos.
Essa bagunça administrativa é considerada normal, faz parte da economia.
Enquanto em 1945, os Estados Unidos, a Inglaterra, a Coreia do Sul estavam criando centenas de Faculdades de Administração, dois engenheiros convenceram Getúlio Vargas a extinguir as Faculdades de Administração que tínhamos.
Vá entender por quê?
O Decreto Lei 7988/1945 extinguiu por 30 anos o ensino de Administração, e assim deixamos de formar quatro milhões de Administradores.
Ninguém no Brasil sequer se dá conta dessa tragédia, porque esses quatro milhões não puderam mostrar sua utilidade, e portanto, não fazem falta.
Nosso QI Econômico por exemplo é elevado. Todo engenheiro, advogado sabe o que é Deficit Nominal Primário, Metas de Inflação, só por convívio com nossos 300.000 economistas.
Mas nosso QI Administrativo é Zero, nem administrar nosso próprio tempo sabemos.
Uma das funções do administrador, nada exotérico, é garantir que os problemas nas empresas, nas ONGs, nos governos não se acumulem fora de controle.
Somos os chatos que instigam organizações, “preciso disso para amanhã”, “o ótimo é o maior inimigo do bom”, “postergar será pior”.
Não temos essa função crítica em nossa sociedade e nem mais a queremos.
E nem sequer percebemos a falta dela, por não termos ainda administradores de fato nesse país.
Não temos bons professores de administração, se tivéssemos seriam conhecidos pelas suas pesquisas, análises do Brasil e seus livros.
Se eu soubesse disso há mais tempo não teria perdido meu tempo defendendo os administradores que ainda não temos.
Estamos num círculo desvirtuoso, com aprofundamento cada vez maior no caos, a desagregação, por nem sabermos que para sermos bens administrados, alguém tem gerenciar esse processo.
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