Não foi a internet que acabou com a imprensa, diagnóstico comumente ventilado.
Pelo contrário, a internet aumentou a quantidade de informações que precisam ser analisadas, filtradas, projetadas para o futuro.
Para jornais e revistas, a internet reduziu drasticamente o custo de entrega e distribuição, o que permitiria às editoras reduzirem seus preços e lucrarem mais.
O erro, que continua, é outro.
Nossos jornalistas se tornaram porta-vozes do governo.
É mais fácil entrevistar o Ministro da Fazenda e perguntar o que ele pretende fazer, do que fazer a 1.000 Diretores Financeiros a mesmíssima pergunta.
Na primeira hipótese, a entrevista é grátis.
Na segunda são necessários questionários, tabulação, computação, análise estatística, e investimentos da editora.
Na primeira, a notícia publicada é exatamente igual a todas as demais revistas e jornais.
Na segunda, a notícia é exclusivamente sua.
Gera vantagens competitivas que nenhum outro veículo tem.
Em 1973 propus essa segunda estratégia para a Revista Exame, e criei para eles a edição de Melhores e Maiores.
Custava muito mais do que entrevistar o Ministro Delfim Netto na época, mas foi a única publicação da Editora Abril que cresceu em faturamento e lucro por 45 anos seguidos.
Por 30 anos Melhores e Maiores foi quem sustentou o prejuízo da Revista Exame, dominada pelo PT.
Melhores e Maiores gerava informação exclusiva, e mesmo assim foi mal aproveitada.
Quando José Roberto Guzzo assumiu a Revista Exame, almoçamos no Fasano, e eu levei 20 volumes de “Benchmarks Estratégicos”.
Que o PT recusava publicar porque beneficiaria o “capitalismo”, segundo seu editor Rui Falcão que viraria Presidente do PT.
Nesse almoço Guzzo basicamente me demitiu sugerindo que eu despedisse todo mundo e contratasse alunos estagiários, e aí fiz algo de que me arrependo até hoje.
Joguei fora os 20 volumes de “Benchmarks”, os programas, os backups, e disse para mim mesmo “chega de lutar contra tudo e todos”.
Mudei de área e criei o Prêmio Bem Eficiente e o Filantropia 400, sozinho, provando a minha tese.
Basta criar informações úteis para sobreviver.