Esse depoimento é um tanto pessoal, portanto não o considerem exibicionismo da minha parte, mas sim uma confissão singela.
Aos 70 anos, por vários critérios, eu posso me considerar uma pessoa bem sucedida. Entrei em Harvard, me tornei Professor da USP, criei o site filantropia.orge o Prêmio Bem Eficiente.
Mas olhando para trás, fico realmente feliz com uma pequena coisa que fiz, e que a maioria das pessoas nem ficou sabendo.
Nem vocês saberiam se eu não lhes apontasse esse site, que me surpreendeu também.
As conquistas usuais são no fundo todas efêmeras.
Mas olhando minha vida para trás, o que me traz imensa alegria é ter criado uma palavra nova na língua portuguesa.
Quem diria!
Português foi sempre minha pior disciplina, eu sendo de Exatas.
Meu Prof. Sales, desesperado comigo disse na classe um dia, “Aluno Kanitz, você jamais será lido por alguém.”
Criar uma palavra nova tem para mim um pouco do prazer da vingança, contra os meus professores de português.
Mas poucas pessoas irão se lembrar disso.
Felicidade está nas pequenas coisas que você faz.
Mesmo que ninguém fique sabendo, só você e mais uns amigos seus.
Esqueçam os BMWs, esqueçam ser Diretor da Ambev ou entrar na Academia Brasileira de Letras.
Você não precisa se tornar bilionário nem famoso.
Basta um filho bem criado, um livro bem escrito, uma vida que se torne um exemplo para os outros, isso já é mais do que suficiente.
No meu caso será uma palavra que perdurará anos e anos depois da minha morte.
O que mais eu poderia desejar?