Trinta anos atrás fiz uma consultoria na Argentina, e me chamou a atenção uma página de jornal idêntica a essa de hoje no Brasil.
A Argentina tinha na época somente vinte empresas ativas na Bolsa, mas o número de Fundos de Investimento era dez vezes maior.
Havia mais analistas de ações do que empresas para se comprar, todos ganhando 2% ao ano, mais 20% para fazer nada.
O que me assustou era que ao lado havia mais de 200 Fundos de Renda Fixa, que só compravam títulos do governo argentino. Para que pagar 2%?
Ao lado, mais 200 Fundos de Hedge Funds que basicamente apostam nos erros dos Ministros da Fazenda, seus colegas.
Mais n em Fundos em Dólar, que apostavam numa fuga de capital que eram previsíveis de tempos em tempos, como aqui.
Eu disse para mim mesmo na época, “a Argentina jamais dará certo”, tem mais gente especulando do que produzindo.
Especular sempre em Renda Fixa e Hedge Funds e não investir em produção é crise na certa.
No Brasil só temos 50 empresas com volume significante na Bolsa, apesar de sermos n vezes maior que a Argentina.
Todo dia alguém me pergunta sobre o Dólar e a Taxa de Juros, mas quase ninguém me pergunta se é para manter Show3 ou Magazine Luiza.
Será que caminhamos para uma Argentina, com 500 Fundos publicados em letra minúscula corpo 5?
O Brasil nesses 20 anos de PSDB e PT teve um Estado Forte, Centralizado, Estatizado, onde demos muito mais ênfase ao ensino de Economia que Administração, a Ciências Sociais do que Contabilidade, a Filosofia do que Auditoria.
Tivemos um Filósofo Prefeito, um Cientista Social Ministro do Planejamento, e um Professor de Economia Ministro da Fazenda, seu primeiro emprego na vida. Pode?
O Brasil jamais será uma Venezuela, fiquem tranquilos.
Mas temo que continuando assim, caminhamos para uma Argentina.
E aí só temos nossos banqueiros, nossa classe média, os alunos do Insper e FGV que querem ficar milionários especulando, nossos investidores ingênuos e preguiçosos, nossos professores de Economia que insistem em aceitar cargos no governo para ter experiência, para culpar.
E nossos historiadores que não avisam quando a história se repete.