Debate Mostra Que o Problema é Contábil

[pullquote]Uma das primeiras coisas que fazemos em administração é implantar o que se chama Contabilidade Gerencial[/pullquote]

 

 

 

 

 

 

Todo número apresentado nos debates é imediatamente contestado com “os números são outros” ou pior ainda “os números apontam justamente o contrário”.

Uma das primeiras coisas que fazemos em administração é implantar o que se chama Contabilidade Gerencial, para que todos na empresa usem os mesmos dados confiáveis.

Não é o que acontece no Brasil.

Os economistas do Aécio supriram-no com uns dados “confiáveis”, os economistas da Dilma supriram-na com seus dados confiáveis, e nós telespectadores ficamos com a impressão de que um dos dois não tem a menor ideia do que está falando.

Por isto na Administração Responsável das Nações, a Contabilidade Gerencial é entregue a Contadores, uma classe independente e responsabilizada se cometer erros.

No Brasil estes indicadores são levantados pelos próprios economistas dos partidos políticos, como os índices de inflação que eles têm obrigação de combater.

Os índices de inflação do Brasil não são coletados por Contadores que entendem de agregar números, e sequer são auditados por auditores independentes.

Algo que uma Administração Responsável das Nações faria de imediato. O que por si só reduziria os juros e as expectativas inflacionárias.

No Brasil são coletados pelos próprios, por isto não são confiáveis.

Eu sei que os economistas que ainda seguem o meu blog vão dizer que não dá para confiar em Contadores, mudando totalmente o assunto, e atacar em vez de refletir. Mas nunca encontrei um economista que conseguisse pensar fora da sua caixinha.

Mas o que mais me enoja, e este é o termo, é que tenho usado o termo “Administração Responsável das Nações”, título do meu próximo livro há mais de um ano e,

  1. Nenhum diretor de Faculdade de Administração me procurou perguntando se eu não gostaria de transformar isto num curso.
  2. Nenhum diretor de Faculdade de Economia me procurou perguntando se eu não gostaria de transformar isto num curso.
  3. Nenhum partido político, com exceção do Partido Novo, mostrou interesse.
  4. Nenhum dos 400 jornalistas econômicos que seguem o meu blog sequer mandou um e-mail querendo saber mais.

E aí vocês da esquerda e de direita ficam se digladiando no Facebook achando que com um de vocês no poder teremos um Brasil mais justo e responsável.

Nojento!

11 Comments on Debate Mostra Que o Problema é Contábil

  1. Professor Kanitz, não fique chateado. Tenho certeza que muitas pessoas aqui da Secretaria do Tesouro Nacional teriam muito interesse em sua palestra. Inclusive sua experiência aqui pode gerar idéias para o seu livro.

    Quanto a Contabilidade Gerencial, o que posso dizer, é que está havendo uma grande mudança na contabilidade pública do país, agregando mais informações patrimoniais e gerenciais, com o novo Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP). Um colega nosso, que já trabalhou nestes assunto, o Paulo Henrique Feijó, poderia ser um grande nome para ajudá-lo.

    Os índices de inflação não são feitos pelos governos, mas pelo Estado, por meio de um órgão de Estado, o IBGE. Infelizmente, estamos assistindo a uma grande intervenção de um partido político no IBGE, tornando seus dados cada vez menos confiáveis, vide o PNAD 2013, que trouxe o resultado das politicas deste governo mostrando uma leve piora da distribuição de renda, republicado posteriormente com outros números, mostrando uma estabilidade. O mesmo está ocorrendo aqui, por meio da uma contabilidade fortemente questionada.

    Quanto as auditorias, elas são feitas também por órgãos de Estado, a CGU e o TCU. Infelizmente, também correm riscos de intervenções políticas.

    • Eduardo, claro que não estou chateado. Você provou meu ponto. D Joao VI criou a primeira faculdade de contabilidade três meses depois que chegou, e você está dizendo que só agora ” está havendo uma enorme mudança agregando mais informações gerências”

      Então me diga, rapidamente, quanto custa um aluno de filosofia de uma das faculdades federais, e quando ele retorna de impostos ao longo da vida.

      O mesmo de um aluno de contabilidade. E ai com base nestes dados, eu vou perguntar porque temos o mesmo número de vagas para filósofos e contadores.

      Nestes 20 anos que temos economistas como Ministros da Educação, eu tenho certeza que vocês nunca mostraram estes números, porque como economistas subiriam as paredes.

  2. Em compensação são poucos os articulistas que criticam veementemente a “contabilidade criativa” adotada no atual governo ou que elogiam a honestidade contábil inaugurada na administração do partido hoje em oposição.

  3. ..no fundo Kanitz, o que se presencia hoje eh a luta pelo status quo:. ta bom demais como esta´ e quem pensa em entrar vai retornar aa cartilha “neo” alguma coisa .. nao convencem.
    na pratica o governo precisa ser passado a limpo, nas tres esferas, nos tres poderes. o povo cansou do casuismo. passamos oito anos da direita e mais doze da esquerda e so agora parece ensaiar uma rotina para evoluirmos em infraestrutura. dira´ entao mexer com reforma eleitoral / politica, reforma tributaria, reforma burocratica. levaremos mais 514 anos quem sabe ?
    o que se fez de desestatizaçao foi um desastre .. pagamos taxas altissimas por serviços de qualidade duvidosa.
    o país vive em duas castas .. a da bolsa de valores e a da bolsa familia. enquanto isso nao mudar vamos furar o chão andando em circulo .

  4. Por mais análises técnicas que fazemos, no fundo tudo é uma questão de caráter. O problema é de base moral. Como garantir a confiabilidade nas ações quando não se está passível de punição? Para que tenhamos um país mais auditado, temos que fazer escolhas. E como escolher o melhor para todos se não há valorização de cultivarmos um bom caráter?

  5. Professor, sendo eu economista – já fazendo um mea culpa quanto à minha caixinha -, a certo tempo perguntei sobre a possibilidade de um curso de Pós-Graduação de Administração Econômica que inclusive o senhor prontamente respondeu. Que seria ótimo, inclusive!
    Economistas servem à partidos sim, como também administradores, contadores, engenheiros, médicos… não é portanto uma questão de classe, mas sim partidária.
    Propostas como Administração Responsável das Nações e Contabilidade Gerencial evidentemente funcionariam. Os agentes políticos também sabem disso, eu não tenho mais duvida. De forma que eu estou dizendo que, então, agem por dolo e não por culpa (mas isso já é um outro ponto).
    Ainda há um longo caminho…

    • Desculpe, administradores, médicos, engenheiros não são consultados por partidos. A Marina e o Aecio se detonaram porque foram defender um Banco Central Independente, um problema para os economistas, mas não para a população.

  6. O problema não é contábil, o problema dos números é que são o reflexo do que é a política. Política é a arte da mentira, da falcatrua, dos interesses escusos e das negociações em causa própria, e esses números dos debates são apenas “adaptados” ao modo político de os pronunciarem.

    Exemplo: os gastos com educação de um governo representaram 1% da receita, um absurdo de tão baixo. Em 4 anos de governo, a situação aumentou o gasto em educação de 1% para 2%. O candidato da situação vai dizer que os aumentou em 100%. A oposição vai dizer que os gastos são ridícularmente baixos. Os dois estão certos – quem sabe falar não precisa mentir. E quem se dá mal somos todos nós, com esses políticos nojentos.

Leave a Reply

UA-1184690-14