Se Karl Marx Tivesse Estudado Administração

Na época de Karl Marx havia pouco capital e poucos capitalistas.

Tanto que os marxistas criaram como seu símbolo a foice e o martelo, bens de capital que custam menos que R$ 10,00.

Um tear mecânico custava na época em torno de R$ 12.000,00, só que aumentava a produtividade do tecelão em mais de 10 vezes.

Num primeiro momento este aumento de produção não chegava a afetar o preço do tecido que ficava praticamente igual, nem do trabalhador.

Os primeiros donos de teares, os engenheiros texteis, passaram a ganhar nove vezes mais do que na produção manual.

O lucro inicialmente se tornou colossal.

Foi isto que Karl Marx viu, e infelizmente achou que era o normal e não um fenômeno sui generis.

Do dia para a noite, o lucro que era de 10% sobre um tecido passou a ser de 50%, uma baba. O que permitiu a compra de mais teares. 

Pergunte a um empresário ou capitalista o que ele acha de fornecedores que embutem margens de lucro de 50%.

Garanto que ele responderá “um bando de ladrões”, a mesma análise feita por Karl Marx. Como isto é possível? 

Karl Marx não entendia de Processos Dinâmicos. Ele não tinha à sua disposição um Excel.

Não conseguiu ir além da sua análise da situação da época, não conseguia simular o futuro nem como tudo isto iria terminar.

Sem Excel e Matemática de Processos Dinâmicos, Marx achava que os capitalistas seriam cada vez mais ricos, e os trabalhadores cada vez mais pobres.

Achava que os engenheiros texteis iriam dominar o mundo, que seriam hoje os donos de bancos, telefonicas, da Apple. 

O que Karl Marx e os marxistas de hoje não  entendem?

O mínimo de administração.

As empresas reinvestem 90% dos seus lucros, devolvem por assim dizer a mais valia de Marx, de volta para a sociedade comprando mais e mais teares.

Maior produtividade e mais teares começavam a saturar o mercado da época e os preços despencaram.

Marx, o intelectual mais influente do mundo depois de Adam Smith, previu que o número de capitalistas da época ficaria cada vez menor, e no final, na mão de uma única pessoa. 

Karl Marx achou que eventualmente haveriam poucos capitalistas dominando tudo, auferindo todo o lucro, e bastaria uma pequena revolução para eliminá-los e teríamos a sociedade justa e igualitária de imediato.

Só que as margens de lucro despencaram de 50% para 2% sobre o preço de venda

Como todo administrador sabia na época.

Basta ler as edições de Melhores e Maiores.

57 Comments on Se Karl Marx Tivesse Estudado Administração

    • Não Raimundo, não retira. Alias, Marx sempre foi o contra ponto necessário as idéias econômicas e como a sociedade interage. Temos que ser sóbrios e inteligentes para entender dois fatos reais:
      1. Sim, existe uma concentração de renda absurda hoje, vide informações e comentários aqui postados e isso traz grande desiquilíbrio social;
      2. Sim, os regimes socialista falharam em administrar suas sociedades, vide os exemplos atuais.
      Mas a pergunta é:
      Como gerar e distribuir riqueza da forma que atenda os interesses de todos? Considerando a natureza humana, essa é uma pergunta bem ‘cacete’ de responder, como diria meu sobrinho adolescente.

      • HBS criou o protagonista social, o Administrador Socialmente Responsavel, que tirou o capitalismo das familias feudais, criou Fundações para eles serem filantropos e não filhos de empresários.

        Os maiores opositores deste movimento foram jornalistas, que não queriam nenhuma melhoria no capitalismo, e economistas que queriam mandar e “distribuir”os 45% que tiram para “desenvolver e nacionalizar”o Brasil. Hoje 7 economistas concentram a riqueza do Brasil. e 90% de quem criticou este post defendem isto, e eu defendia que Bill Gates, Buffett, Eduardo Suplicy Matarazzo, Familia Camargo Correa, Setubal etc fizessem o mesmo, em maior escala.
        Esquecem que estes 1% americanos todos estão preferindo criar fundações de que entregar 50% para os economistas americanos, que tembem mandam lá.

  1. Interessante. Mas temos que entender que na atual conjuntura mundial de globalização, a incorporação de conglomerados por outros para conseguir escala é fato notório, o que pode sim criar monopólios ou oligopólios, que fatalmente controlarão preços e por conseguinte as margens de lucro. Não estou defendendo a visão de Marx (ele realmente não tinha como prever o mundo hoje), mas temos que ter outras ferramentas para controlar essa situação.

    • O Estado existe justamente para regular o mercado de forma ética e moral, e nunca para controlar como o socialismo faz. Quem sabota o capitalismo é o Estado socialista, este sim é ganancioso na cobrança de impostos e fazedor de pobres. Exatamente como o PT faz no Brasil.

      • Entendo e concordo, mas não é a regra e sim exceção. O que vemos é o Estado, que deveria ser gestor dos recursos públicos, ou seja, nosso empregado, se apropria desses mesmos recursos, administra muito mal, depois alega que precisa de mais recursos (impostos e pessoal) para atender as nossas demandas (muitas vezes distorcidas). No fim das contas, o próprio sistema acaba aliciando o Governo, que decide a revelia do interesse público em favor de grupo e/ou grupos com influencia!!!

    • As pessoas menos egoístas você quer dizer o nosso Estado, que taxa você em 40% de seu salário em troca de nada. Você não quer uma sociedade onde capitalistas lhe entregam bens que você escolhe, e ficam com 3% do preços como lucro. Wagner, na próxima vez pelo menos coloque seu nome para que a sociedade saiba quem você é, como eu é tantos outros fazem.

  2. SE VOCÊ TIVESSE LIDO KARL MARX saberia que ele havia dito que há uma tendência geral do capitalismo de diminuiir a taxa de lucro dos capitalistas, ou seja eles FICARIAM MENOS RICOS (ao contrário do que o texto insinua que ele teria falado) e que esta tendência é que faria aumentar o processo de exploração dos trabalhadores. Também se tivesse lido outros autores marxistas (ou não) teria descoberto que o capitalismo concorrencial ideal de Adam Smith desapareceu faz tempo, no lugar dele apareceram os MONOPÓLIOS PRIVADOS (não existem apenas monopólios públicos) e que os preços são determinados por estes monopólios (E NÃO PELO “LIVRE” MERCADO). Aliás, parece que o autor do texto não lê nem sequer jornais, ignora completamente a crise de 2008 como se nunca tivesse existido. Os BRICS estão tão mal assim? (Não sou defensor radical dos BRICS). E a Europa Neoliberal? Não tem desemprego lá?
    Se Karl Marx tivesse estudado administração Stephen kanitz seria marxista hoje, já que vocês administradores só sabem SEGUIR GURUS ao invés de pensar por si próprios.

    • Voce poderia citar um exemplo de sucesso do socialismo? Claro que o capitalismo não é um sistema perfeito exatamente por permitir a liberdade que o socialismo reprime. Estude capitalismo para poder entender o que o Professor disse. Defeitos do capitalismo se corrige com mais capitalismo e nunca com medidas socialistas. Socialismo só produz pobreza e autoritarismo. Seja honesto cara.

      • Concordo contigo até porque se aqui no Brasil tudo aquilo que fosse tributado do capitalismo fosse revertido a nosso favor seríamos o que não somos hoje ou melhor, ainda não somos.

      • Mas segundo seu raciocínio “Noi”, se o capitalismo possui falhas ele também não 100% eficaz certo? A análise do professor é altamente simplista. Marx analisou a época dele. Marx não criou a URSS, nem Cuba e nenhum dos países ditos socialistas posteriores. A contribuição acadêmica de Marx foi apontar falhas do capitalismo, que outros autores não visualizaram. Eu não sou marxista. Mas é muito anos 80 essa discussão de guerra fria. Marx foi um gênio de sua época, tanto que seu pensamento é discutido na filosofia, economia,direito,e etc… Mas quando a crise de 1929 apareceu, Marx já tinha dito sôbre o excesso de produção. Esse é o erro de comunistas e capitalistas leigos. Existem bons autores dos dois lados. E existem falhas dos dois lados. A questão é como suplantar isso para além da discussão.

    • Eu entendi o seguinte, um pouco diferente do que o Aristoteles Lima Santana leu:

      Kanitz escreveu, sim: “Sem Excel e Matemática de Processos Dinâmicos, Marx achava que as ***MARGENS DE LUCRO*** seriam cada vez maiores, os capitalistas seriam cada vez mais ricos, e os trabalhadores cada vez mais pobres”.

      Marx, por outro lado, fala da queda da “TAXA DE LUCRO”. E até onde compreendo dos dois conceitos (TAXA DE LUCRO VS MARGEM DE LUCRO:

      1) A TAXA DE LUCRO de MARX, tem como base a visão do mercado como um todo e não uma única empresa.
      2) Já as MARGENS DE LUCRO de Kanitz, é contextualizada na busca contínua do capitalista por manter ou aumentar as sua MARGEN DE LUCRO (uma única empresa).

      Como resultado, para MARX, haveria acumulação de capital com POUCOS capitalistas MAIS ricos, e MUITOS trabalhadores mais POBRES.

      O que Kanitz demonstrou é que não é bem assim, que parte do LUCRO retorna para a sociedade e que Marx não levou em conta isso na sua equação. MARX partia do pressuposto que o espirito animal do capitalista era orientado a guardar e acumular, enquanto o tempo mostrou que, na verdade, o espirito animal do capitalista tem como mote, sempre “investir para manter ou crescer” dependendo da sua percepção de risco sobre o seu investimento.

      Isso pq Marx não conhecia de administração.

      • Marx não conhecia de administração porque administração não é uma ciência. Existe ciências contábeis. Ciências Econômicas. Porém não existe “Ciências Administrativas”. Marx cursou um pouco de direito e migrou para a filosofia, tendo a titulação de doutor. Suas idéias influenciaram diversas áreas como Economia,Direito,Sociologia e por aí vai. Administradores não são Economistas. FATO.

        • Fabio,

          Faça sua lição de casa. Economistas em grego é Adminstrador da Fazenda, ou do Estate.

          Até hoje se usa ministro da fazenda. Por isto economistas como David Ricardo são tão ligados a agricultura.

          Nos de fato fomos além. Lidamos com 250 ou mais variáveis numa empresa, e não 2 variáveis por vez como em Economia.

      • Prezados, ótimo debate e com competentes bases – Atualmente, tenho uma opinião diferente às de 30 anos atrás (formado, pós graduado, empresa multinacional…. tudo muito lindo e que aplicava os ensinamentos de livros com teores americanos etc….. Hoje, respeito um empresário grande ou pequeno, todos aqueles que de alguma forma fazem uma troca (trabalho x remuneração)….. Sempre achei que o patrão ganhava muito!, pode ser que alguns sim, mas a grande maioria não!

    • Aristoteles Lima Santana,

      Marx previu que inicialmente as taxas de lucro cairiam, isto no seu primeiro livro Grundise, mas que os engenheiros que inventaram as máquinas, e que você chama erroneamente de capitalistas, iriam contra atacar, reduzindo os salários e aumentando as horas de trabalho.

      O que ocorreu, é que a mais valia, a produtividade adicional gerada pelas máquinas inventadas pelos engenheiros mecânicos e têxteis, foi dividida em aumento de salários para ter operadores mais técnicos, diminuição dos preços devido a concorrência e não monopólios, e parte ficou de fato como remuneração pela criatividade e risco dos engenheiros. Se digamos esta divisão foi um terço para cada um, trabalhadores ficaram com 2/3 da mais valia, por serem também consumidores.

      E este 1/3 não é mais do que 3% do preço do produto, muito pouco para sair pregando revolução e socialismo, com seus problemas que ninguém comenta.

      Eu não me sinto espoliado pelos engenheiros da Apple, nem da Yamaha, que me venderam um órgão eletrônico que toca 500 instrumentos, por 3.000 dólares, e ganharam as minhas custas 10 dólares no processo.

    • Digo, 100 dólares as minhas custas. Estes 500 instrumentos, me custariam 300,000 us$, se você e Karl Marx ganharem a luta sobre os corações e mentes da nova geração.

  3. Respeito e muito a opinião do nosso ilustre professor Kanitz e obrigado pela colocação.
    Devo acrescentar alguns fatos importantes para esta análise fatos estes que, se omitidos do artigo, nos fazem realmente pensar em um Marx com um Coca em mãos.
    No ano de publicação do primeiro volume do livro “O Capital”, em 1867, os Estados Unidos inicia sua ascensão política, econômica e militar logo após o final da sua guerra civil em 1861.
    Esse período de crescimento foi caracterizado pela “Boom” na industrialização, utilizando-se de novas técnicas de produção e aumento da produtividade, conforme descrito no artigo em citação aos Teares de produção.
    O fato de o sistema financeiro não valorizar o capital a taxas agressivas, fez com que os donos de Teares, ao invés de deixarem o capital se valorizar por si só (via investimentos financeiros), comprassem mais Teares para produção, uma vez que o lucro era infinitamente maior, o que o autor chama de reinvestir 90% do lucro no negócio.
    Esse processo fez com que apenas alguns empresários (que já tinham recursos para comprar um Tear), ficassem cada vez mais ricos, uma vez que sua produção estava aumentando de forma exponencial.
    O interesse de outros endinheirados que viam o mercado de tecidos como um bom investimento para colocar o seu “mais valia” (advindo de uma outra área de atuação mas com características capitalistas iguais), crirou a concorrência neste mercado.
    Ao ponto que o mercado alvo para compra dos tecidos estava saturado (os que estavam pagando o lucro de 50%), a estratégia foi a de criar a demanda em outras camadas da população (mesma utilizada nos dias de hoje) via redução das margens de lucro (uma vez que os concorrentes também resolveram baixar suas margens de lucro para também participar destes novos mercados).
    Isso fez com que a margem de lucro nos negócios caísse, mas não o “mais valia” pois a venda para uma massa maior de compradores aumentou o faturamento! Se a margem antes era de 50% sobre um faturamento de R$ 1.000,00 o lucro era de R$ 500 e da mesma forma, se a nova margem de lucro for de 2% sobre um faturamento de R$ 25.000,00, temos os mesmos R$ 500 de lucro.
    Ou seja, o “mais valia” continuou o mesmo e foi para outros setores da economia com perspecitvas de retornos maiores que os obtidos no mercado de tecidos.
    Esse desbravamento de novos mercados gerou uma aglomeração gigante de capital criando grandes empresas transnacionais que não possuem fronteiras de atuação e geraram este abismo social em que vivemos atualmente..
    Não devemos crucificar o Capitalismo e nem tampouco as ideias de Marx, o que realmente devemos fazer como “novos administradores” é criar uma geração de empresas que unem o melhor do Capitalismo com o melhor dos ideais de Marx (não digo com o melhores ideais do Socialismo pois não acredito na intervenção do Estado sobre o mercado, somente se este se apresenta apenas como regulador).
    Em muitos dos seus discursos e livros, o autor David Harvey nos apresenta como essa distribuição de “mais valia” entre diferentes mercados incitam a criação de mais riqueza nas mãos de poucos assim como na criação de bolhas (como foi o caso da bolha imobiliária dos EUA, dentro das suas particularidades, e como é o caso de nossa atual bolha imobiliária não deflagrada).
    O principal ponto atacado por David é o que ele chama de “Compound Annual Growth” ou, um crescimento sobre outro crescimento de forma infinita.
    Hoje é praticamente um suicídio declarar uma variação de 0% entre um período e outro! E digo…que mal tem em se manter um excelente faturamento, uma ótima margem de lucro e um nível de emprego e produtividade em patamares ótimos?
    Hoje essa maneira de comportamento do Capitalismo é insustentável e combater Capitalismo com mais Capitalismo não é a solução do problema pois a briga fica somente entre os detentores do Capital.
    E não podemos inferir que desta briga quem sai beneficiado somos nós com produtos mais baratos etc, pois, o que na verdade acontece, é a criação de uma demanda que não precisamos! Exatamete isso, pois encontradas as barreiras do sistema Capitalista, este está crescendo via processo de criação de demanda, demanda essa que você ou eu não precisamos essencialmente para viver.
    Quem precisa de um Iphone, um Ipad e um Macbook quando os 3 dispositivos fazem praticamente a mesma coisa?
    Pensem nisso…

    • É muito fácil iludir mentes pequenas burguesas com paraisos imaginários onde poucos tem acesso. A distribuição da riqueza gerada pelo homem está em todo lugar.

    • O ponto de interrogação não foi devidamente registrado, pois quero questionar onde é que a riqueza do capital está proporcionando esses benefícios que o Professor Kanitz tanto defende?

  4. É, pessoas, parece que só enxerga mesmo quem quer. Poderia apostar que quem defende irrestritamente o capitalismo se beneficia bem dele, são todos socioeconomicamente privilegiados. Responderei apenas com fatos, se depois ninguém questionar sua adoração ao capital, só lamento – pelo mundo:

    “Segundo o documento chamado Working for the Few (“Trabalhando Para Poucos”, em tradução livre), as 85 pessoas mais ricas do mundo têm um patrimônio de US$ 1,7 trilhão, o que equivale ao patrimônio de 3,5 bilhões de pessoas, as mais pobres do mundo.
    Notícias relacionadas

    O relatório ainda afirma que a riqueza do 1% das pessoas mais ricas do mundo equivale a um total de US$ 110 trilhões, 65 vezes a riqueza total da metade mais pobre da população mundial.

    A Oxfam observou em seu relatório que, nos últimos 25 anos, a riqueza ficou cada vez mais concentrada nas mãos de poucos.” (http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/01/140120_riqueza_relatorio_oxfam_fn.shtml)

    E aí?? Pelo visto realmente não era necessário excel para prever ISSO!
    Ah, só para constar sou também um privilegiado, nasci numa ótima família, estudei em ótimas escolas públicas e particulares e me formei numa das melhores universidades públicas do país. Mas nem por isso tenho uma visão simplista e egoísta de como as coisas verdadeiramente funcionam no mundo real.

  5. O texto “Se Karl Marx tivesse estudado Administração” é confuso e impreciso, mas o autor o faz assim porque existe um discurso descritivo com objetivo claro: manter o status quo.

    Mas, algo realmente me chamou a atenção neste texto! Quando o autor se refere à primeira fase da Revolução Industrial. Ele especifica o valor unitário (convertidos em Real) dos teares adquiridos pelos proprietários á época das empresas fabris. Eu perguntaria ao autor deste texto, se ele saberia me dizer o valor dos teares pequenos utilizados pelas crianças e adolescentes nestas ditas fábricas. Mas, não vou longe, a empresa da família Matarazzo em SP, logo no início da industrialização deste país, possuía teares pequenos compatíveis com o tamanho de cada criança e adolescente para ser explorada sua mão de obra e que desta forma elevavam a patamares estratosféricos o lucro desta empresa.

    Destaco um trecho de Marx (1988) sobre essa questão que utilizo no meu texto (em processo de elaboração) da minha pesquisa.

    […] milhares de braços tornaram-se de súbito necessários. […] Procuravam-se principalmente pelos pequenos e ágeis. […] Muitos, milhares desses pequenos seres infelizes, de sete a treze ou quatorze anos foram despachados para o norte. O costume era o mestre (o ladrão de crianças) vestí-los, alimentá-los e alojá-los na casa de aprendizes junto a fábrica. Foram designados supervisores para lhes vigiar o trabalho. Era interesse destes feitores de escravos fazerem as crianças trabalhar o máximo possível, pois sua remuneração era proporcional à quantidade de trabalho que deles podiam extrair. (…) Os lucros dos fabricantes eram enormes, mais isso apenas aguçava-lhes a voracidade lupina. Começaram então a prática do trabalho noturno, revezando, sem solução de continuidade, a turma do dia pelo da noite o grupo diurno ia se estender nas camas ainda quentes que o grupo noturno ainda acabara de deixar, e vice e versa. Todo mundo diz em Lancashire, que as camas nunca esfriam. (1988, p. 875-876)

    Também perguntaria ao autor, se o lucro adquirido através da utilização da mão de obra de crianças e adolescentes também entraria na contabilidade administrativa. Penso que, diante da confusão teórica do autor ao tentar nos sensibilizar que as empresas não geram tanto lucro assim, a resposta seria pronta e baseada no maquiavelismo que diz que “os fins justificam os meios”.

    De fato, Karl Max não precisou estudar administração para entender os subterrâneos dos “processos dinâmicos” na relação Capital x Trabalho. Esta relação não se resume apenas a uma lógica matemática ou uma manobra contábil administrativa com recursos de Excel como também não precisou estudar Serviço Social para identificar as conseqüências desta relação espúria entre o Capital e o Estado que destituem, nubla e nega direitos de milhões de crianças e adolescentes em todo o mundo fazendo com que estas sejam impelidas para todo e qualquer ramo de exploração.

    Att,

    Vânia Vasconcelos

    • Vânia, o Estado não produz comida ou bens com eficiência, mas você descobriu uma função na qual o Estado poderia ser útil: “Proibir trabalho infantil”. Seria útil, porém, baixar a carga tributária para assim baixar o preço dos alimentos e dos bens de necessidade básicas, para que essas crianças tenham acesso.
      Se o Estado fica com esse dinheiro, concentra renda, gasta mal e repassa a ONGs de araque, ele não resolve o problema dessas crianças desamparadas e nem dos seus pais trabalhadores. Você entende que alguns têm que trabalhar, né? Infelizmente não chove comida, nem roupas, nem energia…
      P.S. Quando faltava comida o Stálin matava parte população (da Ucrânia) para resolver o problema. Comunistas me matam de desgosto!

    • Vânia Vasconcelos ,

      A revolução industrial permitiu pela primeira vez a contratação de mulheres e de órfãos, que naquela época existiam aos milhares.

      Teares manuais exigiam homens extremamente fortes, que preferiam as fábricas cobertas do que o campo, e estes de fato ficaram revoltados ao perderem seus empregos pra mulheres e órfãos, que não precisavam de força com os teares mecânicos.

      Foi uma redenção das mulheres dominadas pelos seus pais, que fugiam e finalmente tinha como se sustentar.

      A revolução industrial permitiu pela primeira vez a contratação de mulheres e de órfãos, que naquela época existiam aos milhares.

      Teares manuais exigiam homens extremamente fortes, que preferiam as fábricas cobertas do que o campo, e estes de fato ficaram revoltados ao perderem seus empregos a mulheres e órfãos, que não precisava de força com os teares mecânicos.

      Foi uma redenção das mulheres dominadas pelos seus pais, que fugiam e finalmente tinha como se sustentar.

      E órfãos de 14 a 18 anos, eram perseguidos por esquadrões da morte, porque a única forma de sobrevivência era roubar comida nos mercados.

      Você como mulher deveria apoiar a revolução dos engenheiros, que permitiu mulheres fisicamente mais fracas, o espaço ocupado por homens mais fortes e mais violentos.

      .

  6. Olhando para os dias de hoje é possível notar que existem várias forças para serem equilibradas: o governo, os trabalhadores, os fornecedores, os consumidores e os acionistas (que podem ser poucos ricos somados a vários trabalhadores aposentados). Não dá para analisar o cenário sem olhar para todas estas forças. Se o governo fica com 40, 50, 60 ou até 70% da produção das pessoas jurídicas em alguns casos a “mais valia” realmente é praticamente DELE! O que precisamos é que este governo saiba usar de forma inteligente e bem administrada todo esse recurso que fica em suas mãos. O mesmo governo que tributa essas pessoas jurídicas (empresas) também tributas as pessoas físicas e fica com boa parte de sua renda. Será que é o capitalismo mesmo que está errado ou o nosso sistema institucional e a forma como os governos administram seus recursos públicos? De qualquer forma, basta olhar para estatísticas históricas para ver que desde a Revolução Industrial a humanidade só tem progredido tecnológica e culturalmente, enriquecido e DIMINUÍDO a violência ao contrário do que se prega na mídia e do que a maioria acredita (inclusive eu tendo a acreditar), ou seja, aos poucos até as instituições estão atingindo os seus objetivos (bem lentamente mesmo).

    Até hoje ninguém criou um produto que eu fosse obrigado a comprar (em contraposição aos colegas da “criação de demanda”), basta ser um consumidor consciente. E para melhorar o governo, ser um eleitor consciente.

  7. Professor Kanitz,
    Perfeito! “Se Karl Marx tivesse estudado administração, Rússia, Cuba, China, Índia e o Brasil não estariam tão atrasados como estão hoje”, deveria ser a primeira frase do texto. Fosse matemática pura escreveríamos C.Q.D.

  8. Interessante. Lembro-me de mais comentários, em discussões ricas e outras nem tanto. Tivemos participação de pros e contras, mestrandos, esquerdistas, direitistas, etc. Cadê? Sumiram? Perdidas?

  9. Quanta baboseira.

    Marx acertou e muito.

    Um mundo em que 1% da população mundial concentra 43% da riqueza total do mundo (de cerca 223 trilhões de dólares em valor de mercado) é análogo ao mundo que todo o capital do mundo está na mão de um só.

    As teorias de administração não tratam do problema do ponto de vista sistêmico. Apenas da sua dimensão individual, alienada.

    Aliás, a alienação que Marx diagnosticou, associada à inautenticidade da adoção da ideologia burguesa também identificada por Marx, é o que garante que no processo de acumulação do capital pelo capital e para o capital, as partes, em troca de migalhas e uma falsa idéia de estar melhor que seus antepassados, servem como carneiros proselitistas da mediocridade social e obedientes do senhor capital.

    As partes são menores que o todo. O todo é o capital e ele só existe para ser mais capital amanhã.

    http://www.youtube.com/watch?v=DJtOhfpGlZ8

    Lamentável Sr. Kanitz, lamentável…

  10. Caro Alienado

    Bill Gates, que faz parte dos 1%, tem somente 4% da Microsoft e portemto não controla , quem controla são os 96% acionistas restantes incluindo o fundo de pensão do professor David Harvey.

    Ao contrário da Petrobras, onde 75% dos acionistas não tem direito a voto, e quem manda é um Guido Mantega preocupado com reeleição.

    No Capitalismo de estado uma pessoa , um professor, manda em 100%. Pelo menos você já sabe que é um Alienado.

    • Falou, falou e não disse nada.
      O que dizer sobre os vídeos?
      E o aumento da desigualdade da renda constatada pela OECD?
      E a concentração crescente do capital, apesar is fundos de pensão (tá com inveja, rsrs)?
      O Capital é maior que a sua birra (ou perda especulativa? ) com estatais brasileiras.
      E todos aqueles com consciência e interesse por autenticidade devem muito à doutrina economica de Marx que previu com grande sucesso que enquanto nada fizermos nossas vidas nada serão que peças da máquina de um mero sistema perverso cumulação do capital.

        • Alienado, o erro de Karl Marx foi enxergar a economia como um jogo de soma zero, em que para uns ganhar outros tem que perder.

          No capitalismo a riqueza é móvel, sai de A par B, de B para C a todo instante, veja esta lista da Forbes, http://admpensador.blogspot.com.br/2014/04/lista-fortuna-dos-10-primeiros.html.

          É a primeira, de 1987, diga se você conhece alguns destes bilionários? No capitalismo a riqueza é fruto tão somente de esforço constante, ficar rico é mais fácil do que manter-se rico.
          O caso de Detroit só comprova que no Capitalismo a riqueza se move livremente. Detroit parou no tempo, e por isto, o capital se deslocou de lá para o Vale do Sílicio, para Xangai, para Dubai, etc. regiões que estão conectadas com as demandas do presente.
          Isto que Marxistas não enxergam, a economia não é estática, não é uma fotografia, é volátil, sobe e desce, se move. Tudo que o alemão criou foi milhões de alienados que esperam a riqueza chegar sentados com a bunda colocada no chão. É preciso ir aonde ela está, camarada.

      • Alienado, interessante seus argumentos.
        Pelo menos nesse espaço podemos expressar nossas opiniões, contrarias ou não, de modo democrático, diferente de outros espaços que se dizem democráticos e são “afiados” em rejeitar ideias que pareçam contrárias a seu pensamento.

  11. ” the American economist Simon Kuznets was wrong to argue back in the 1950s that economies would become more equal as they matured. On the contrary, Piketty argues that inequality has grown in the US and Europe over the past decade because a new cadre of “supermanagers” has captured more wage income and returns on accumulated wealth have outstripped the (modest) pace of economic growth. This means that people who are already rich are becoming richer, and many inherit their wealth.

    But I suspect that the real reason for Piketty’s rock-star reception is not the quality of his numbers but the fact that he has forced Americans to confront a growing sense of cognitive dissonance. Nearly two-and-a-half centuries ago, when the country’s founding fathers created the nation, they proudly believed they had rejected Europe’s tradition of inherited aristocracy and rentier wealth. Instead, it was presumed that people ought to become rich through hard work, merit and competition.

    Thus, inequalities of wealth were often tolerated because everyone hoped they could become rich. That was the American dream which fostered admirable waves of entrepreneurial energy and – crucially – provided a social glue.

    Piketty’s book shows that this dream is increasingly a myth. In decades past, he notes, America was indeed more egalitarian than Europe. Today, wealth in the US is more unequally distributed than almost anywhere else, and returns on accumulated wealth are so high that riches are increasingly inherited, not made. Most Americans instinctively know, or sense, this.”

    http://www.ft.com/cms/s/2/0421d04e-cb42-11e3-ba95-00144feabdc0.html#ixzz307wmulat

  12. Interessante.

    Muito ouvi, mas pouco sabia sobre Marx. Tanto os artigos como os comentários tem me ensinado muito.

    Sou da “área de TI” mas tenho interesse em outras áreas, e como vivemos em um país democrático e capitalista de um mundo capitalista e que a maioria dos países são democráticos, nada melhor que conhecer os diversos pontos de vista sobre capital.

    Ainda não sei se Marx está(va) certo ou errado, mas é estimulante saber que com muito trabalho, e não somente com muito acúmulo de conhecimento e informação é possível obter renda para, além de sobreviver, viver bem com a família, oferecendo bons produtos e serviços a um preço justo, ou “a quem quiser/puder pagar”.

    Teorias são excelentes para mostrar o ponto de vista de seus formuladores, mas até que seja provada, de fato não serve muita coisa. Por esse ângulo acho que a Marx sempre será um ponto de discussão, pois não creio que seremos testemunhas das consequências do que o capital ainda pode provocar na existência humana.

    De qualquer forma é excitante poder observar a história sendo construída, tendo consciência de nossos atos para a vida de bilhões de pessoas.

    Obrigado ao Prof. Kanitz e a todos que participam desse fórum de discussão.

    Saúde e Paz a todos.

  13. A interpretação da teoria econômica de Marx está completamente equivocada. É necessário distinguir lucro monopolista ou lucro extraordinário do lucro médio, decorrente da concorrência capitalista. Marx previu justamente a tendência declinante da taxa de lucro. É perfeitamente correta a teoria do valor de Marx e, por simulação, usando o próprio, é possível ver que, em decorrência da própria concorrência, a mais-valia produzida pelo aumento da produtividade do trabalho é apropriada por um número menor de capitalistas, a tal ponto que a taxa de lucro assume uma tendência declinante.

  14. Se os administradores tivessem estudado Marx, como Kanitz deveria, a administração seria muito mais adequada à nova realidade do trabalho imaterial, previsto por Marx nos seus rascunhos ao Capital (Grundrisse).

    Kanitz não entende nada de Marx e suas interpretações são de uma criança de 5 anos.

  15. Caro Kanitz, muito bom seu artigo. Tenho lutado com todas as armas teóricas contra essa ideologia jurássica de Karl Marx. Se muitos admiradores de Marx entendessem como funciona uma economia genuinamente de livre mercado, provavelmente não teceriam inúmeros comentários absurdos sobre economia e administração. Sou administrador de empresas e um confesso seguidor da escola austríaca de economia. Desprezo todas as palavras que meu ex-professor de sociologia da faculdade me ensinou enquanto acadêmico. Ele, um seguidor alienado das ideias marxistas, conhece muito pouco de desenvolvimento econômico. Aliás, deve estar se perguntando até agora porque é que a política monetária do PT não surtiu os efeitos que ele esperava. Por que será, né? Talvez porque petistas e marxistas sejam tão bons com assuntos econômicos quanto eu sou com física quântica.

Leave a Reply

UA-1184690-14