O Julgamento Final

Na realidade, o pior julgamento final não será feito pelos seus amigos e inimigos.

O julgamento final mais severo e destrutivo será feito por você mesmo.

E o critério que mais lhe incomodará não será o seu patrimônio acumulado, seus quadros na parede, seus livros que ninguém mais lê, seus amigos dos quais metade já morreu.

Chegar ao fim da vida e só então perceber que sua vida foi no fundo um fracasso, é o pior julgamento final possível.

É devastador.

Devastador porque aos 60 anos você não tem mais pique, energia, oportunidade, nem tempo suficiente para mudar o rumo das coisas.

Irá viver mais 20 anos sabendo que errou, não há pior inferno do que isto.

Você tomou as decisões erradas, perseguiu objetivos equivocados, optou por becos sem saída.

Erik Erikson, no livro que já citei, fala desta última fase da vida, que ele chama de Serenidade ou Desespero.

Aos 60 anos você olha para o seu passado, e somando os prós e os contra chega a conclusão que a vida foi bem vivida, você fez basicamente o que queria, conseguiu na medida do possível o que desejava.

Mas nem todos chegam a esta conclusão.

Daí vem o desespero, o julgamento final negativo e sem tempo para mudar o rumo.

Muitos pais já sabem que o julgamento final de suas vidas depende do sucesso de seus filhos.

Com o aumento da longevidade do ser humano, lamento dizer que o julgamento final passará a ser ainda mais devastador e complicado.

Você se julgará pelo sucesso não de seus filhos, mas de seus netos.

E a única coisa que você passará aos seus netos são os valores que você passará para os seus filhos e que eles absorverão como seus.

Estes valores são complicados hoje em dia, porque passamos a ser uma sociedade sem valores, uma sociedade até contra os valores considerados hoje tradicionais ou pequenos.

Valores vindos dos próprios pais significam os preceitos e regras que ao longo dos milênios se provaram acertados para que no fim da vida você possa julgá-la positivamente.

Algo Para Se Pensar.

7 Comments on O Julgamento Final

  1. Caro Kanitz,

    Achei excelente o artigo.
    Posso ver isto pelos meus pais. Ambos estudaram até a quarta série mais se orgulham muito pelos filhos terem conseguido concluir o ensino superior e exercer com dignidade e profissionalismo suas ocupações. Hoje realmente eles estão olhando com bastante atenção os netos e estão muito felizes pelos valores dos netos e o carinho e respeito que sentem por eles.
    Nós nunca recebemos nem um par de chinelos como gratificação por passar de ano ou entrar na faculdade; nós sabiamos que tinhamos que estudar ou estudar não tinha escolha.

    Obrigado

  2. Muito interessante este artigo. Muitos se preocupam com o depois da morte, será que existe uma vida após a vida? Mas a vida agora, os valores morais que podem e devem passar a seus filhos? Se preocupam com valores monetários que podem dar ou deixar a seus descendentes.

  3. Bom eu vejo da seguinte forma, se eu me eforçar e vencer na vida (…) muito provavelmente acumularei riqueza, serei prospero e etc. Agora meu filho que busque isso também, base para isso nos damos (melhor educação, bons exemplos, condição de vida melhor que a nossa quando tinhamos a idade deles), agora se eles não querem trabalhar e estudar sabendo que para vencer na vida devemos seguir este caminho… o problema e deles!

  4. complementando o meu último comentário… com 60 anos eu só vou querer é me divertir e descansar com a minha esposa, afinal trabalhei a vida toda para que? Para ser um velho chato e depressivo, eu não … errara na vida todo mundo erra, eu quero mais e ser feliz e que as novas gerações que revolvam os problemas do mundo, a minha parte eu já fiz.

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