2. Em média receberam R$ 2.000.000,00 de donativos adicionais no triênio seguinte.
3. A maioria do dinheiro adicional veio de pessoas que nunca haviam doado antes.
4. As Instituições de caridade que não receberam o prêmio, mas apresentaram-nos os dados exigidos, tiveram um aumento de 30% em doações. Portanto, houve um efeito geral.
5. O prêmio trouxe para casa a mensagem de que as instituições de caridade teriam, como todo mundo, que se esforçar para se tornarem mais eficientes.
A mensagem era que as instituições de caridade também teriam que gerar reduções de custos e melhorias de metas de eficiência que a globalização tem exigido de cada empresa do mundo.
Fazer mais caridade com o financiamento que temos se mostrou um paradigma difícil de quebrar, para um setor acostumado a só fazer mais, desde que mais fundos estivessem disponíveis.
O “Prêmio Bem Eficiente” levou 20 anos para ser feito, e começou na Harvard Business School, quando eu aprendi os rudimentos de classificação de crédito com o Prof. Charlie Williams.
Análise de crédito é um método estatístico através de análise discriminante que permite que banqueiros e os credores discriminem entre bons devedores e devedores ruins.
Eu fui um dos pioneiros na introdução de classificação de crédito no Brasil em 1972, provavelmente antes de seu tempo, porque poucos bancos se interessaram. Acabei usando esta técnica para em 1974 criar o Prêmio de Melhor Empresa do Ano, a edição Melhores e Maiores, sucesso até hoje da Revista Exame.
O fato de que as melhores empresas do Brasil eram escolhidas por um conjunto de critérios objetivos, medidos corretamente por um método científico, deu enorme credibilidade à publicação e MELHORES e MAIORES se tornou um sucesso.
Eu tinha sido o editor da publicação por 25 anos, quando decidi usar a minha experiência para criar um prêmio similar para as instituições de caridade mais bem administradas.
Classificação de crédito, por algum motivo desconhecido, nunca tinha sido aplicado à avaliação de instituições de caridade, e pode-se tentar adivinhar o porquê.
Filantropos não “emprestam” para instituições de caridade. Eles não querem ver o dinheiro reembolsado como querem os bancos, o dinheiro é simplesmente doado, não é o que os bancos costumam fazer.
Mas isso não é realmente a verdadeira descrição de uma operação de crédito.
Os banqueiros também não querem ver os seus empréstimos reembolsados, porque é assim que eles ganham dinheiro, é este o seu negócio.
O que os bancos realmente se preocupam é se seus mutuários estarão fazendo bom uso dos empréstimos que tomaram, para pagar juros e se for necessário, pagar a dívida.
Depois de entender o verdadeiro espírito de empréstimos, percebe-se porque a classificação de crédito pode ser usada para identificar as instituições de caridade com os mesmos resultados positivos.
Filantropos se preocupam com o bom uso do seu dinheiro, mesmo que eles não esperem ganhar juros ou ver suas doações pagas de volta.
A partir desta perspectiva montamos uma pesquisa abrangente comparando dados de instituições de caridade que fracassaram e as que foram extremamente bem sucedidas. Para assim determinar quais variáveis, medidas de desempenho, e dados de instituições de caridade que na verdade identificassem as boas das más.
O Prêmio teve como patrocinadores a Accor e Firmin Antonio meu maior incentivador, TAM, Natura, Lojas Americanas.
Mais sobre isso, no próximo capítulo.
“A mensagem era que as instituições de caridade também teriam que gerar reduções de custos e melhorias de metas de eficiência que a globalização tem exigido de cada empresa do mundo.” — É importantíssimo que as ONGs e instituições filantrópicas absorvam os aspectos positivos das empresas com fins lucrativos e, ao mesmo tempo, criem um precedente, uma via de mão dupla, para que as empresas tradicionais compreendam melhor seu papel social (e façam um marketing social mais eficaz também, por que não?).
Ao mesmo tempo que informa, este artigo serve de biografia para o Professor Kanitz. De agora em diante, sempre que me perguntarem por que gostaria que o senhor fosse presidente, irei linkar este texto.