[pullquote]O importante, no Brasil, não é o lucro máximo, e sim manter o controle de 100% da empresa na família.[/pullquote]
Para muitos acadêmicos , o empresário é um “maximizador de lucros”, embuído de “espíritos animais”,um egoísta que sempre almeja o lucro máximo.
É essa premissa básica que dá à ciência econômica sua dinâmica e previsibilidade e permitiria, se não fosse equivocada, que nossos acadêmicos fizessem previsões.
Por razões culturais que não nos cabe julgar, o objetivo dos empresários brasileiros é maximizar o controle acionário.
O importante, no Brasil, não é o lucro máximo, e sim manter o controle de 100% da empresa na família.
Se existir um negócio que propicie lucros maiores, mas que exija a abertura ou diluição do controle da empresa, a maioria dos nossos empresários opta por ficar de fora.
Preferem ter 100% ou 51% de uma empresa pequena a ter 15% de uma enorme empresa.
Bill Gates, que pretende doar tudo ao terceiro setor, não se preocupa a mínima em ter somente 15% de uma enorme Microsoft.
Esse objetivo cultural não consta nos livros de Keynes, Marx e Friedman, razão pela qual a ciência econômica não funciona no Brasil: as premissas básicas são outras e implicam uma política econômica totalmente diversa para o Brasil, algo que nunca foi feito.
Vejamos as implicações:
1. Nossas empresas só crescem o que o reinvestimento de seus lucros permitir.
Como conseqüência, precisam criar produtos de luxo, que comandam margens estratosféricas, no lugar de produtos populares, com margens reduzidas mas produção e investimentos em massa.
2. Nossos empresários preferem abrir mão do crescimento a perder o “controle acionário” crescendo rapidamente.
Fusões e incorporações para competir globalmente, nem pensar.
A maioria das empresas americanas opera globalmente, e nós temos no máximo cinco empresas brasileiras operando multinacionalmente.
3. Empresário brasileiro não exporta nem com câmbio superfavorável, ao contrário das famosas previsões de Delfim Netto.
4. Empresas americanas com funcionários acionistas não têm caixa dois nem sonegação.
Todos são fiscais de si mesmos, para a alegria da Receita Federal.
5. Nossos empresários preferem viver endividados a compartilhar a empresa com pequenos acionistas, gerando, assim, nossas constantes crises da dívida.
Temos menos de 56 empresas em bolsa, a Índia tem 6 000.
6. Deputados ligados a esses empresários elaboraram uma Lei das S.A. que protege o controlador, e não o acionista.
No Brasil, pequeno acionista nem direito a voto tem, algo totalmente inconstitucional em um país democrático.
Nossos empresários boicotam aprimoramentos da Lei, e aplaudem de pé a morte lenta de nosso mercado acionário, fechando o capital de suas empresas.
Incapazes de vislumbrar o futuro, nossos empresários esquecem que seus filhos, netos e bisnetos um dia serão pequenos acionistas minoritários.
Estão dando um tiro no próprio pé, e em seu patrimônio.
Empresas no Brasil valem pífias quatro ou cinco vezes seus lucros anuais.
Na Europa e na Índia chegam a valer sessenta vezes, porque lá se maximiza o lucro e o acesso a mais capital.
Nem os filhos desses empresários ficam felizes com essa situação.
Não podem vender sua participação e seguir vida própria, nem vender 1% das ações para comprar uma Ferrari.
Passam a vida no “Conselho”, sonhando em vender tudo para uma multinacional.
Kanits é verdade… meu pai e eu já sentimos na pele o que é ser acionista minoritário de empresas nacionais. Algumas delas (que ainda estão vivas) onde investimos o suado dinheirinho da família e que nunca deram satisfação aos acionistas nem dividendos, mas que a CVM não se preocupa em auditá-las ou obrigá-las a prestar contas; Hoteis Othon; Rio Othon Palace e Bahia Othon Palace, Bicicletas Caloi, outras que já morreram como; Dropes Dulcora, Automóveis Presidente, Velas Sprinter, etc. que simplesmente foram formadas para tomar dinheiro do investidor crédulo, sem qualquer proteção dos órgãos que deveriam protege-los. Qual é a diferença disso e estelionato?
Do lado Gov, outro dia me disseram que eu deveria ir regatar os meus investimentos no fundo 157, depois de quase 40 anos, naquela época eu optei por aplicar na Amazonia e o BAZA era o Banco que deveria receber os recursos e devolver em dividendos aos que investissem parte do IR. Pois bem, eu resolvi ir, de ônibus, e gastei 6,00 para chegar na agencia do Itau no centro da cidade, depois de 40 minutos de espera foi informado que havia R$ 11,50 para retirar, ora bolas, não deu nem para pagar o custo do ônibus, além de ter de preencher um monte de dados e apresentar cópias de vários documentos. Eu pergunto; 11 meus e de outros milhões de tolos como eu, vai parar na mão de quem hem? Será que ninguém tem uma fórmula para recuperar isto?
Caderneta de poupança tem que render juros sempre, não é? Então como podemos concordar com milhares de contas de bancos que mudaram de mãos e que nunca mais prestaram conta a seus correntistas e que ninguém sabe dizer onde esta esse dinheiro. Meus filhos tem hoje 31 e 33 anos, quando nasceram abrimos uma poupança no BCN, acontece que este banco foi comprado pelo Bradesco, adivinha quem puder se o Bradesco presta alguma informação sobre isto? Só tem “santo” neste mercado!!!
Caro Kanitz é absolutamente pertinente suas observações sobre este assunto, em 2003 que eu era proprietário de um restaurante em sociedade com outras duas pessoas propus a estes a disponibilização de parte de nossas cotas para os funcionários para transforma-los em nosso sócios ao invés de empregados, no entanto não houve aceitação da proposta e o motivo alegado foi justamente o do controle da propriedade através da concentração das cotas. O resultado quando o empreendimento saturou foi uma enorme divida trabalhista e falta de recurso para reestruturar o negocio, enfim o empreendimento naufragou, e sobrou para nós sócio o pagamento das dividas com nosso capital próprio (pessoal).