Perguntei ao Mario Henrique Simonsen, por que ele assinara esses contratos flutuantes:
“A ciência econômica não tinha meios de prever esse aumento excepcional dos juros“.
Nós administradores concordamos, mas essa é justamente a razão para não assinar esse tipo de contrato.
A prudência financeira nesse caso exigiria, no mínimo, negociar um teto máximo de juros como precaução, digamos não mais que 12%, ou negociar um hedge de juros na Bolsa de Chicago.
Mas nada disso é feito.
O resto da administração pública tem de se preocupar com o Orçamento da União, a Lei de Licitação, o Tribunal de Contas, de pagar preço fixo em tudo, enquanto um único Ministério, o da Economia, tem carta branca para assinar preço incerto. Atenção Tribunal de Contas e Ministério Público.
Em 1986 fui trabalhar para o Ministério do Planejamento, a pedido do ministro João Sayad, para tentar cancelar esses contratos com juros flutuantes e negociar contratos com juros reais fixos pela duração do contrato, ou seja, criar uma alternativa.
A revista Euromoney ficou sabendo do plano e, para minha grande surpresa, o endossou com o editorial intitulado “Entra em cena o Alquimista“.
Os “alquimistas” éramos nós, administradores do Ministério do Planejamento, que incluía o Ricardo K, que se tornaria Presidente da TIM.
Na opinião da Euromoney, estávamos transformando lixo em ouro, apresentando um plano ganha-ganha – além de reduzir os juros para 3% reais, fixos e imutáveis, e eliminar o risco da flutuação desestabilizadora.
Enquanto isso, o Ministério da Fazenda e o próprio Ministro do “Planejamento”, para qual eu trabalhava, preparavam a moratória, uma estratégia perde-perde que nos custou muito caro.
Não se assegura “estabilidade” monetária assinando contratos com juros flutuantes”.
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