Esses dois tipos de professor obviamente não se bicam.
É a famosa briga da turma da filosofia contra a turma da engenharia.
São as duas grandes visões políticas do mundo, é a diferença entre administração pública e privada.
O que é mais justo, remunerar pelo esforço de cada um ou pelos resultados alcançados?
O que é mais correto, remunerar pela obediência e cumprimento de horário ou pelas realizações efetivas com que cada um contribuiu para a sociedade?
Como o Brasil ainda não resolveu essa questão, não podemos discutir o próximo passo, que são as injustiças da opção feita.
É justo só remunerar pelo resultado?
É justo remunerar somente pelo esforço?
Podemos até escolher um meio-termo, mas qual será a ênfase que daremos na educação dos nossos filhos e na avaliação de nossos trabalhadores? Ao esforço ou ao resultado?
Quem tentou ser útil à sociedade mas fracassou teria direito a uma “renda mínima”?
É justo dar 3,5 àqueles cujo esforço foi justamente enganar seus professores e o “sistema”?
Não seria justo dar-lhes um sonoro zero?
Precisamos optar por uma sociedade justa ou uma sociedade eficiente, ou podemos ter ambas?
Como aluno, eu tive de me esforçar muito mais para as provas daqueles professores carrascos, que avaliavam resultados, do que para as provas dos professores mais bonzinhos.
Quero agradecer publicamente aos professores “carrascos” pela postura ética que adotaram, apesar das nossas amargas críticas na época.
Agora entendo por que tantos de nossos cientistas e professores pertencem à Academia de Letras, por que somos o último país do mundo em termos de patentes, por que tantos brasileiros recebem sem contribuir absolutamente nada para a sociedade e por que nossos políticos falam e falam e não realizam nada.
Que sociedade é mais justa, aquela que valoriza as boas intenções e o esforço ou aquela que valoriza os resultados?
Uma boa pergunta para começar a discutir no retorno às aulas.
Esse artigo fala sobre esse assunto. E corrobora a necessidade de ser exigente com o aluno. http://www.economist.com/news/books-and-arts/21583609-only-few-countries-are-teaching-children-how-think-best-and-brightest