Fico triste quando vejo líderes empresariais lutar por redução de impostos.
Mal sabem que essa é uma batalha perdida, um esforço desperdiçado.
O governo simplesmente não tem como reduzir suas despesas.
Por exemplo, nos próximos trinta anos o número de aposentados irá dobrar, aumentando em 100% o que já é nossa maior despesa pública (vide texto Ipea nº 690).
Tem mais: com o aumento da longevidade humana, o gasto com saúde pública poderá triplicar, como nos Estados Unidos, e assim por diante.
Quem acha que os atuais 36% do PIB são o limite máximo de impostos está redondamente enganado.
Minha estimativa é a de que nos próximos vinte anos os impostos subirão inexoravelmente para 48% do PIB, e há estimativas muito piores do que a minha por aí.
E não é apenas no Brasil, isto é um fenômeno mundial.
A luta fiscal deveria ser outra.
Tem muito país pagando muito mais impostos do que nós, vide a Suécia com 48%, mas o que ocorre no Brasil é que eles são cobrados de forma sufocante.
Durante a época de inflação alta, o governo começou a reduzir o prazo de pagamento dos impostos.
De 120 dias para pagar o IPI, em 1972, reduziu-se para dez dias. Isto mesmo.
Pagamos imposto de renda sobre lucro presumido onze meses antes de saber qual foi de fato o lucro da empresa.
Hoje, o INSS é pago no segundo dia do mês, antes mesmo de os funcionários receberem seus salários.
O imposto sobre vendas, o IVC, se transformou no ICMS – basta a mercadoria “circular” para ter imposto devido.
Em vez de antecipar impostos para que não fossem corroídos pela inflação, o correto teria sido manter os prazos e corrigir os impostos por um índice de inflação apropriado.
Infelizmente, muitos impostos no Brasil são idealizados por acadêmicos que nunca trabalharam numa empresa e não têm nenhum senso prático.
Antecipar impostos de cinco a quinze dias, numa economia em que o ciclo de produção do minério até o carro pronto chega a superar seis meses, em que as empresas vendem em média com prazo de sessenta a noventa dias, é antiprodutivo e antieconômico.
É um tiro no pé do próprio governo.
Hoje, as empresas e a população pagam imposto antecipadamente.
Empresas hoje pagam imposto muito antes de ter um produto final, pagam imposto muito antes de receber a grana do cliente.
Varejo que financia em seis meses sem juros paga imposto no mês seguinte, mesmo antes de receber.
Pagamos até mais do que o devido e aí torcemos para ser restituídos um ano e meio depois.
Pagar imposto adiantado significa que as empresas têm de se endividar para poder pagá-lo, ou perder precioso capital de giro, o que é um desastre.
Além de ser inconstitucional.
Excelente. Acabo de enviar este post para o meu deputado federal . Kanitz , política e “saber como” , é a combinação que daria certo . Nossos deputados poderiam parar de contratar amigos e contratar consultores !
Kanitz,como você diz o governo tem políticos e não administradores.A definição para políticos nós sabemos.
Se me permite, algumas coisas mudaram sim. Temos aí a tributação pelo regime de caixa, os vencimentos dos principais tributos já deram uma esticada; o INSS, por exemplo, passou do dia 02 para o dia 20… É verdade que dá pra melhorar bastante, mas já foi pior. Agora, tem coisas urgentes pro empresariado se unir e lutar forte contra, como a Substituição tributária que é uma verdadeira aberração, onde o pagamento do imposto deve ser efetuado antes mesmo de a mercadoria atravessar a fronteira do estado, correndo o risco de nem chegar na empresa, uma aberração!
E ainda pra piorar, as empresas do Simples também estão obrigadas, um senhor contra-senso com o regime (dito) simplificado.
Caro Stephen o que acha do Governo devido a alta carga tributaria, ainda criar mais ONUS a todos veja agora mais 40% de redução de ingressos, quem será que paga esta conta? Já parou para ver o aumento que teve o ingresso do Cinema, dos Campos de Futebol, dos Shows? O que pensa sobre isto?
A proposta de estender o prazo dos imposto é uma boa. É o que já deveria ser feito. Desde sempre.
Já fui microempresário. Horrível. O governo é seu sócio majoritário.
Não incentivaria um filho meu a ser empreendedor no Brasil. Meu
conselho para ele seria estudar e passar num concurso público. Temos que
nos adequar à realidade. Infelizmente.
Só aumentar os prazos de recolhimento de impostos!!!??Será que no futuro todos viverão encostados no governo.Quem irá produzir?
Acho que o governo provedor , deve dar lugar a capacidade de cada um de prover a si mesmo.Se essa profecia estiver infelizmente certa,estaremos muito pior daqui a 20 anos.
Nossa me surpreendi com essa, essa é a melhor coisa que poderia ser feita, eu vendo pizzas, pago meu simples no dia 20, isso quer dizer que o que vendi até o dia 30 já pago no dia 20, porém o cartão de credito me leva 30 dias pra depositar na minha conta, quer dizer fico 10 dias. Quando vendo com cheque para 35 dias fico 15 dias sem receber e quando há alguma crise preciso ter dinheiro em caixa para honrar os salários mas o simples não alivia em nada.
Luis, converse com seu contador e peça a ele para alterar a opção de reconhecimento de receitas – o que acontece todo ano no mês de novembro – de “competência”, que tributa o faturamento total, para “caixa”, que tributa somente o que foi recebido. Assim você tributará o Simples somente sobre a parcela do faturamento que efetivamente tiver recebido no mês anterior.
nossa estrutura tributaria é uma verdadeira torre de babel. o governo nao sabe lançar impostos muito menos receber. em Santos, onde moro, acabamos de ser agraciados com isençao total de multas e juros por atraso de pagamento de IPTU e ISS. vale dizer: sou um dos “palhaços” q se esforça para pagar em dia o IPTU e agora os pseudos “brasileiros espertos” tem total isençao.
mas me aguardem: vou usar a unica arma q tenho em maos – o voto !