[pullquote]O que o capitalismo não sabe fazer ainda é produzir bens e serviços de que as pessoas precisam em vez do que elas querem.[/pullquote]
Precisamos achar meios para aprimorar o capitalismo em vez de passarmos por uma revolução para substituí-lo.
Mas como mudar o capitalismo como o conhecemos?
De que forma?
O capitalismo se provou muito competente para produzir bens e serviços que os consumidores querem.
Se houver um desejo insatisfeito no mercado, algum empreendedor irá se mexer para provê-lo.
O que o capitalismo não sabe fazer ainda é produzir bens e serviços que as pessoas precisam.
Não há segredo em vender frangos barato entupindo-os com Deus sabe o quê ou vender morangos saborosos, com mil e um agrotóxicos.
A indústria automobilística colocou airbags nos carros por determinação do governo americano, porque há dez anos o consumidor não queria.
As TVs e os anunciantes se digladiam para mostrar o grotesco e o pornográfico, assuntos que o povo quer mas que não necessariamente precisa.
Alguns administradores, porém, estão lentamente mudando esta situação.
Estão gastando tempo, recursos organizacionais e dinheiro em atividades beneficentes e filantrópicas simplesmente porque acreditam que as empresas precisam produzir também bens que a sociedade quer.
Surge uma nova geração de administradores, os administradores socialmente responsáveis como Guilherme Leal, Fabio Barbosa, Sérgio Amoroso, Luís Norberto Pascoal, entre outros, que estão gastando mais do que 5% do seu tempo, lucro e recursos organizacionais para oferecer o que eles acreditam que a sociedade precisa.
Fazem parte de uma nova geração de administradores e empresários que está transformando um capitalismo de resultados em um capitalismo de benefícios.
Um outro grupo de empreendimento vai além, devota 100% de suas energias, dinheiro e organização para produzir o que a sociedade precisa.
São as entidades beneficentes, que ao longo destes anos adquiriram competência e técnicas organizacionais que seriam de muita valia para as empresas.
Quão mais fácil seria, por exemplo, para os Alcoólatras Anônimos vender pinga a seus associados, do que a abstinência?
Quão mais fácil seria colocar um outdoor vendendo bebida com mulheres sensuais do que angariar fundos filantrópicos?
Quão mais fácil seria para a Igreja Católica ceder às pressões de mudança, oferecendo o que os fiéis querem, do que se manter leal aos seus dogmas e insistir em oferecer o que ela acha que os fiéis precisam, custe o que custar?
Conseguirão os empresários obter lucro ofertando o que o consumidor precisa?
Conseguirão obter lucro vendendo frangos humanamente criados, sorvetes sem aditivos químicos e morangos sem agrotóxicos?
Várias experiências mostram que sim.
A Superbom, empresa dirigida pela Igreja Adventista consegue ser rentável apesar de produzir sucos dentro de processos naturalistas.
Tornar o capitalismo mais responsável já não parece uma tarefa impossível e existem vários grupos agindo neste sentido sem ter que passar pelo traumático processo de derrubar o sistema vigente.
Todo ano 50 entidades beneficentes receberam, merecidamente, o Prêmio Bem Eficiente pela sua competência, liderança e exemplo, provando que existem soluções para os problemas sociais.
Essas e as demais entidades são a semente para um novo tipo de capitalismo voltado para suprir a sociedade com o que ela precisa e não necessariamente com o que ela quer.