Uma das frases mais divulgadas por empresas socialmente responsáveis é “Nós não damos o peixe, nós ensinamos a pescar”.
Um dos conceitos mais valorizados por intelectuais, e especialmente por professores, é que ensinar a pescar é importante, dar o peixe não é.
São pessoas que se colocam contra o assistencialismo, a caridade e a filantropia.
Acham que o assistencialismo é nocivo, que cria dependência e reduz a autoestima.
Existe atualmente enorme preconceito contra entidades que dão assistência, como aquelas que cuidam de moças solteiras grávidas e as inúmeras entidades que servem sopão aos famintos.
De uns anos para cá, doadores estão deixando de ajudar entidades assistencialistas.
Hoje as empresas não querem patrocinar entidades que oferecem teto a moradores de rua, olham feio para o Fome Zero.
A maioria das empresas socialmente responsáveis está sendo induzida a patrocinar prioritariamente projetos que “ensinam a pescar”.
E aceita sem pestanejar porque são projetos que proporcionam elevado retorno sobre o investimento.
Eu vou defender as entidades que prestam assistencialismo à moda antiga e tentar ajudá-las a reverter a onda que estão sofrendo, e à qual muitas não estão resistindo.
O ser humano tropeça muitas vezes na vida. Já vi o desespero de mulheres abusadas, já vi pessoas humildes entrar em pânico porque os filhos contraíram câncer. Essas pessoas não precisam aprender a pescar.
Elas precisam de assistência, carinho e compaixão. Alcoólatras precisam de ajuda, um ouvido amigo, e não de cursos sobre os efeitos do álcool.
Dependentes químicos não precisam de cursos de “geração de renda”, eles precisam de compaixão, colo e um ombro carinhoso para poder readquirir forças para se reerguer SOZINHOS.
Órfãos, paraplégicos, portadores de hanseníase ou síndrome de Down, além de um curso de três semanas, precisam de atenção dedicada anos a fio.
Todo ano analiso mais de 400 ONGs e descobri algo muito constrangedor.
Nas organizações que fazem “mero assistencialismo”, 80% dos recursos doados são revertidos em uma cadeira de rodas, em óculos para um deficiente visual ou em um prato de comida.