A Crise Que Ninguém Entendeu

Um tiro no pé dos bancos e na economia do planeta.

Os bancos comerciais, para sobreviver, mergulharam de cabeça em outras atividades, como serviços, derivativos, securitização de recebíveis. No ano passado, somente os bancos americanos realizaram a loucura de 157 trilhões de dólares em derivativos, contra 500 bilhões em 1988.

Hoje, os empréstimos não passam dos 6 trilhões; o negócio dos bancos comerciais agora é outro.

No Brasil, sentimos o efeito dessa regra bancária insana em 1982 e 1983, quando a inflação americana atingiu 20%, obrigando os bancos a recolher 20% de seus empréstimos, por simples regulamentação governamental, criando a famosa crise da dívida externa, que nos causou uma década e tanto perdida.

Acusaram-nos na época de ser um país superendividado, de ter tomado empréstimos demais, quando na realidade eram eles que estavam sendo forçados a dar empréstimos de menos.

Os bancos também foram acusados injustamente de ter emprestado sem rigor, o que resultou nesses acordos ainda mais rígidos de Basileia I e II, que mantiveram o absurdo original de usar como cálculo um capital corroído anualmente pela inflação.

Um enorme retrocesso.

Compare isso com a regra utilizada pelo Banco Central brasileiro até 1995: “Os bancos poderão emprestar até doze vezes seu capital, corrigido anualmente pela inflação“.

Se em vez de pedirem moratória, implorarem por mais prazo, nossos negociadores tivessem exigido a troca do “corroído pela inflação” por um “corrigido pela inflação”, os bancos americanos teriam tido o necessário espaço para respirar e teríamos resolvido a não-crise numa boa.

Tínhamos até a obrigação de alertar o mundo nesta crise de 2008, pois só os brasileiros enxergam essas frases em itálico, calejados que fomos pela inflação.

Mas, em 1995, Pedro Malan introduziu, inexplicavelmente, a regra “corroído pela inflação”, enfraquecendo nosso sistema bancário, forçando-o a ganhar dinheiro com serviços, e não com empréstimos, comprometendo o crescimento do Brasil – mais um erro do governo FHC.

Agora no Brasil como nos Estados Unidos vale a regra “Nosso bancos, a partir do Plano Real, poderão emprestar somente até doze vezes seu capital, corroído anualmente pela inflação“.

Por isto o Brasil não cresce, FHC e seus assistentes acadêmicos detonaram o nosso setor bancário, que agora presta serviços em vez de emprestar.

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