A Crise Que Ninguém Entendeu

Na Revista Veja, de 5 de setembro de 2007, um ano antes da crise de 2008, publiquei com todas as letras, o ano e montante da Crise. Bem diferente do publicitário Nouriel Roubini que desde 2003 previa sem data e valor.

“...os bancos do mundo deixarão de emprestar 2 trilhões de dólares em 2008, só para poder se enquadrar nos ditames de Basileia I e II. Um tiro no pé dos bancos e na economia do planeta.”

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Previsão confirmada em 5 de dezembro de 2008:

Oppenheimer & Co analyst Meredith Whitney, among the earliest to turn bearish on the sector, said she expects lenders to pull more than $2 trillion of credit lines over the next 18 months, with severe consequences for U.S. consumers.”

Lendo o artigo que republico aqui, fica claro que os EUA e a imprensa americana, não diagnosticaram corretamente as verdadeiras razões que geraram esta crise. Diagnósticos errados geram curas equivocadas e mais sofrimento, até morte.

Artigo Original

Por que os grandes emprestadores de hoje são os fundos de pensão, hedge fund, e as empresas de private equity, e não os bancos comerciais, com seus mais de 500 anos de tradição nessa área?

A origem da crise atual remonta a 1933 e 1935, quando o governo americano instituiu uma série de regulamentos visando impedir que os bancos emprestassem além de sua capacidade financeira.

Esses regulamentos foram sendo modificados ao longo dos anos, e sua última versão são os acordos de Basileia I e II.

Neles encontramos a regra básica comum a todos: “Os bancos poderão emprestar no máximo doze vezes seu capital e reservas, corroídos pela inflação do ano, ano após ano”.

O gráfico acima mostra como os capital dos bancos foi sendo corroídos ao longo da última década, a base de 3% ao ano.

Deve ser a regra mais estapafúrdia e incoerente da história econômica do mundo, porque enfraquece a capacidade de emprestar dos bancos ano após ano, justamente o contrário do que queriam fazer.

Imagine o estrago que acarretaram ao setor bancário vinte anos de inflação multiplicados pela alavancagem de doze vezes o patrimônio líquido.

Devido à inflação média somente deste ano, os bancos do mundo deixarão de emprestar 2 trilhões* de dólares em 2008, só para poder se enquadrar nos ditames de Basileia I e II.

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