As geladeiras de nossos avós duravam vinte anos, até que inventaram a chamada “obsolescência programada“, obrigando os consumidores a comprar uma nova geladeira a cada cinco anos, o que aumenta o PIB, mas reduz violentamente o patrimônio nacional.
Países ricos, local de origem dessas teorias, incentivam a obsolescência programada porque neles o consumidor já tem tudo.
Eles precisam achar um jeito de o consumidor jogar fora o produto antigo, comprar um novo e assim aumentar o PIB.
Pobre não quer nada disso; pobre quer durabilidade, qualidade e confiabilidade para não ter de comprar a mesma coisa duas ou mais vezes na vida. Ele quer uma geladeira que dure, que possa ser revendida como usada sem perder metade do valor e que tenha peças de reposição disponíveis por vinte anos.
Lutar por uma melhor distribuição de renda no Brasil para que pobres possam em seguida comprar produtos descartáveis não resolverá o nosso problema da pobreza.
Será que ninguém percebe essa contradição?
Se calculássemos o patrimônio nacional descobriríamos que nosso patrimônio líquido não pára de cair com os direitos e dívidas criados pela Constituição de 1988.
Que esta geração está longe de deixar um patrimônio para seus filhos, mas deixará uma monstruosa dívida pública e atuarial. Talvez por isso ninguém ouse calculá-la.
Criamos uma economia mundial que incentiva produtos descartáveis, criamos uma sociedade consumista, predadora e destruidora, tudo isso para maximizar o PIB.
O endeusamento do PIB e do pleno emprego como meta política é a causa do aquecimento global, da destruição da ecologia, do desmatamento florestal, da poluição global e do crescimento exponencial do lixo.
Não estou defendendo o fim do cálculo do PIB.
Estou somente conclamando a nova geração de acadêmicos a não “maximizar” o PIB sem maximizar o patrimônio nacional e a riqueza de uma nação, critério de mensuração que seus professores nunca usaram nem se esforçam em ensinar.
É uma falha científica e social que precisa ser corrigida, e quanto antes melhor.
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