Empresas que haviam reajustado os preços no dia anterior se saíram muitíssimo bem, estavam no “Pé”.
Empresas que iam reajustar os preços no dia seguinte, estavam no “Contrapé”, com preços defasados em 17%, um desastre, mais um erro nominalista.
Minha ideia é que o Imposto Sobre Lucros Extraordinários serviria para tirar dos que estavam no “Pé”, e redistribuir para os que estavam no “Contrapé”, para corrigir o erro do Plano Cruzado.
Outro uso do Imposto Sobre Lucros Extraordinários é impedir que os administradores de empresas “sortudas” façam besteiras com o dinheiro fácil, e invistam em outros setores de que nada entendem.
Minha ideia recebeu muita aceitação
Até o dia em que o Ministro do Planejamento descobriuque o Ministro da Fazenda estaria lançando um novo pacote de impostos, e o Ministério do Planejamento não havia planejado nada neste sentido, como deveria.
Foi quando me ligaram correndo numa sexta feira.
“Queremos que você elabore aquele seu Imposto sobre Lucros Extraordinários”.
“Excelente, para quando vocês querem esta lei?”
“Para segunda feira”.
É sempre assim neste país.
Deixamos problemas se acumularem de um lado, e aí querem soluções para ontem, feitas às pressas, para compensar.
Eu tinha todos os dados de rentabilidade de patrimônio da maioria dos setores no Brasil, devido às minhas pesquisas com o Banco de Dados de Melhores e Maiores.
Mas havia uma infinidade de outros setores, que eu não acompanhava.
E fazer uma taxa geral seria injusto. Obviamente, a segunda feira veio e não fiz a lei.
A Austrália fez pior.
Nem usou o conceito de rentabilidade extraordinária, usou o lucro, pura e simplesmente. Na Australia, o Governo taxa como extra-ordinário qualquer lucro acima de 75 milhões.
É um imposto claramente contra as grandes empresas e grandes lucros, não lucros extraordinários.
É um imposto errado, mal feito, que infelizmente poderá se alastrar.
Kanitz,
Como vc mesmo admite, graças a Deus escapamos desta bobagem. Por ora, pelo menos.
Por trás desta idéia está, indubitavelmente, o nosso velho e execrável espírito de Gérson. Só porque alguém teve um ganho extraordinário, lá vêm os Gérsons da vida atrás uma lasquinha. A empresa que teve o ganho extraordinário e que paga uma aliquota “x” de imposto, já estará dando uma participação ao Estado, relativa ao ganho extraordinário, através da mesmíssima alíquota: não há necessidade nenhuma do Estado ser premiado “extraordinariamente” também.
Além disso, crer na simetria de uma Lei dessas é a mesma coisa que acreditar em Papai Noel, principalmente num País como o Brasil onde a desonestidade e a má-fé do Estado é generalizada.
Por fim, há um problema de ordem mais filosófica quando vc afirma que um outro uso do Imposto Sobre Lucros Extraordinários seria impedir que os administradores de empresas “sortudos” façam besteiras com o dinheiro fácil, e invistam em outros setores de que nada entendem. Não vejo porque o Estado tem que exercer esse papel de babá, mesmo porque, se há alguém que seja um péssimo administrador de recursos, sem dúvida esse “alguém” é o próprio Estado.
Em suma, essa é uma verdadeira idéia de jerico.
Faço das suas as minhas palavras, as empresas brasileiras trabalham muito mais em prol do país e da sociedade do que o Estado.
E mo Estado apoiaria nesse seu modelo uma Lei de Prejuízos Extraordinários, repondo uma empresa quando tivesse um Tsunami, uma Enchente ou Incêndio?
Esse imposto sobre lucros extraordinários poderia ser aplicado com sucesso no setor de commodities, principalmente no setor de petróleo.
O imposto sobre lucro extraordinário deveria servir de subsídio para prejuízos extraordinário e financiamentos de obras, atuações e situações de emergência. Deverá ser respeitada a legitimidade da ação,que não trata de embolsar lucro oriundo de sucesso ou boas negociações alheias, sim um ajuste a real situação, claro que condições para prejuízos extraordinários seriam usados no mesmo peso e mesma medida.