[pullquote]Ser Diretor e Presidente de uma empresa com 1.000 funcionários é muita responsabilidade para ser tratado de forma amadora[/pullquote]
Muitos leitores acham que eu defendo uma “reserva de mercado” para administradores.
O que defendo é que somente administradores com formação e treinamento em Faculdades de Administração conceituadas, com no mínimo nota 9, deveriam administrar enormes empresas como Petrobras e outras com mais de 1.000 funcionários.
Empreendedores que tocam empresas com 10 funcionários, não precisam nem tem como pagar um profissional.
Não entendo leitores que defendem que qualquer um pode administrar uma Petrobras, por indicação política, sem um curso formal em administração.
E que como nação nem deveríamos lutar para termos cursos de Administração de primeiro nível, e exigir dos que existem aprimoramento contínuo.
Minha opinião é outra.
Não sou contra advogados, engenheiros e médicos serem presidentes de cias. de software, cias. elétricas, Petrobras ou hospitais.
A única ressalva é que defendo que tenham pelo menos um MBA complementar em Administração.
Ser Diretor e Presidente de uma empresa com 1.000 funcionários é muita responsabilidade para ser tratado de forma amadora. Vidas estão em jogo.
Pior que desperdiçar recursos financeiros e ecológicos, devido à ineficiência, é desperdiçar vidas humanas, mal utilizadas.
Nos cursos de MBA, 90% dos alunos são de fato advogados, engenheiros e de todas as outras profissões, é onde a maioria das empresas tem seu nascedouro.
O Mestrado de Administração é um dos cursos mais democrático e includente, e menos corporativista que existe.
Eu sou fruto desta democracia, sou bacharel em Contabilidade com mestrado em Administração.
Tenho dois pés em duas áreas diferentes do conhecimento humano.
Estes dois pés são a chave da riqueza das nações.
É a dupla, iniciativa e acabativa que já escrevi anteriormente.
Esta dupla permite que a criatividade de engenheiros, advogados, médicos não fique somente na teoria, mas passe do papel para a prática.
Não é por acaso que os países que têm o maior número de cursos de MBA cresce mais.
A minha grande divergência com sociólogos e advogados que assumem postos no governo, é que eles não conseguem implementar as políticas públicas necessárias para este país.
Isto porque eles não tem acabativa, não sabem os problemas administrativos que algumas ideias bem intencionadas geram.
Nos demais mestrados como Advocacia, Engenharia, Psicologia, 90% dos alunos são da mesma profissão, criam endogenia e este corporativismo que está segurando este país.
Pior, este cursos não preparam seus alunos para os postos de liderança que alguns membros da profissão devem alcançar.
Minha tese é que empresas públicas, que usam o dinheiro do povo, empresas de capital aberto que usam a poupança de milhares de acionistas, empresas com mais de 1.000 empregados, precisam sim de um administrador formalmente treinado para tal, com nota acima de 9.
Hoje estes postos são ocupados com pessoas com nota ZERO, pessoas que não têm a menor ideia do que é administração.
Empresas familiares, empreendedores que estão investindo seu próprio dinheiro e querem correr o risco da ignorância, cometendo dezenas de erros administrativos, que façam o que quiserem mesmo sem diploma.
Aprendam errando, que 80% quebrem nos primeiros 5 anos, simplesmente para satisfazer a corrente de leitores que acha que administração não é importante.
Querem argumentar que nossos cursos de Administração são ruins, são fracos, eu aceito a crítica.
Reclamem da lei 7988 de 1945 que decretou o fechamento de todos os cursos de Administração do Brasil na época, e que ressurgiram de fato somente a partir de 1985, depois da ditadura militar.
Enquanto os países do mundo estavam criando seus MBAs depois da segunda guerra, nós estávamos decretando o fechamento das poucas escolas de Administração que tínhamos, e ninguém na época reclamou.
Agora, honestamente, quem não entende absolutamente nada de administração, nunca será um competente Presidente, Ministro ou Secretário, nem irá ser um competente pai ou mãe de uma família, e vou dizer mais.
Dificilmente será um bom funcionário, sem saber exatamente o porquê que está trabalhando, nem como funciona o sistema de produção de uma nação.
Algo para se Pensar
Muito bem colocado Kanitz. Você foi preciso!
Eu fiquei curioso sobre essa lei que fechou os cursos de adm. Nem dá pra acreditar que existiu.
A Fast Company considerou Henry Mintzberg ´uma das mentes mais criativas no campo da gestão´. O Financial Times classificou-o como um dos dez mais destacados pensadores sobre administração no mundo. Tom Peters referiu-se ao livro de Mintzberg, Ascensão e Queda do Planejamento Estratégico, como ´o meu livro de gestão favorito dos últimos 25 anos… com larga vantagem´. Aqui, nesta crítica avassaladora ao tipo de formação que recebem os gerentes e, em conseqüência, a forma como e exercida a gestão, Henry Mintzberg oferece idéias originais e polêmicas para a melhoria desses processos. “Os cursos de MBA treinam as pessoas erradas, de formas equívocas, com conseqüências inadequadas”, escreve Mintzberg. “Usar a sala de aula para ajudar a desenvolver pessoas que já praticam a gestão e uma excelente idéia. Mas tentar convencer que se forma gestores a partir de pessoas que nunca geriram coisa alguma e puro engodo.” Mintzberg clama por uma abordagem mais realista em relação à administração e por uma abordagem mais reflexiva em relação a educação para a gestão. Descreve também como as escolas de negócios podem tornar-se verdadeiras escolas de gestão.
Henry Mintzberg sobre MBAs
http://www.youtube.com/watch?v=ffwHKsm4kxw
Kanitz. É exatamente por concordar com o que você escreveu aqui e com o que você trouxe no post anterior “A Lei 7988/45 Que Atrasou o Brasil 30 Anos” é que eu esbravejei lá trás noutro post “A Democracia da Competência” onde você trazia idéias num artigo de um político. Lembra ? Eu até ganhei uma resposta sua. Acho que
O político em questão se diz economista mas parece não ter diploma obtido no Brasil. Em 1964 era estudante da politécnica da USP e presidente da UNE. Com o golpe militar foi para o Chile. Parece que no Chile e depois nos EUA estudou economia. Bom, não pretendo ficar discursando sobre os méritos ou deméritos curriculares do sujeito.
O fato é que o sujeito é político e atualmente sem cargo de relevência. Obviamente, como todos os políticos, faz cálculos para 2012 e 2014. Apenas isso, cálculos eleitorais. Não está minimamente interessado em “profissionalizar o estado brasileiro”, como ele mesmo diz. Não o fez quando governador em São Paulo e não fará, pois difícilmente se elege a qualquer coisa.
Concordo com a necessidade de administradores profissionais para tudo, não só para empresas, mas também para as universidades que formam administradores. O cargo de Reitor deveria ser extinto. Deveria ser proibido que professores profissionais fossem reitores. É por isso que nossas universidades se transformaram em lixo. As públicas criaram fundações de apoio só para roubar, usando o nome da universidade para firmar contratos de fachada e desviar dinheiro. Kanitz, olhe o site de qualquer uma delas e tente descobrir de onde vem suas receitas e para onde vão suas despesas. Nenhuma delas divulga coisa alguma. São sociedades secretas de professores que enriquecem sem trabalhar.
Marcos,
O pior é que ele é um economista vingativo, ao ponto que até vc tem medo de mecionar o nome dele. Isto é muito assustador especialmente numa democracia.
Enfim vejo um texto com idéias, impressões e fatos embasados homegêneos ao que penso. Eu também escrevo artigos sobre administração no administradores.com. por várias vezes comentei sobre o mesmo que postou aqui e, sinceramente, tive uma péssimo retorno. Fui chamado de tudo o que pode imaginar por simplesmente falar e mostrar a verdade.
Penso que a única maneira de mudar este panorama é justamente fazendo o administrador se dar o devido valor e respeito.
Lembro de meu primeiro dia na faculdade, a professora em sua abertura disse que Administração era a arte de se aprender sobre tudo e não saber absolutamente nada.
Fiquei com uma péssima impressão logo na aula inaugural, por sorte era apenas esta professora, talvez na profissão errada, que trilhava este pensamento e por sorte o restante do quadro era fantástico.
Quanto às empresas públicas, tive a oportunidade de trabalhar em uma por 14 anos e o que comentou a este respeito é apenas a ponta de um iceberg. Acontece coisa muito pior e como a empresa “não pode” falir, tudo continua o mesmo e vez ou outra fazem um “carnaval” na tentativa de mascarar a incompetência intitucionalizada.
Gostei muito de seu artigo e gostaria, se possível, de trocar algumas impressões e pensamentos contigo.
Marco
Quando não roubam a propria fundaçao como a FIA e a Fipecafi que não são mais fundacoes de apoio a pesquisas da USP mas fonte de receitas de professores de administracao e contabilidade da usp dando por $$$$ cursos que a USP deveria dar de graça já que recebe 9% do icms de sp
Excelente artigo.
Sempre me passou uma dúvida: por que administradores de verdade não se interessam, ou pelo menos não se dão bem, na política? Por que os políticos que se destacam são sempre advogados, médicos, engenheiros, economistas?
Acho que está mais que na hora de administradores profissionais se organizarem e tomarem iniciativas de participarem mais do mundo político.
Por falar nisso, como está e idéia do PBE?
Excelente artigo Kanitz! Sou estudante de Administração e como tal enxergava seguinte paradoxo: estágios durante a graduação em que se atende telefones, arquiva-se documentos, ou faz-se serviços bancários; ao passo que, em revistas de cunho administrativo fala-se em necessidade URGENTE de profissionais, busca de líderes, gestores de pessoas, CEOs etc. Me perguntava, como? Que incoerência era aquela descompensação? A sensação em sala é, por vezes, desoladora com professores teorizando utopias completamente descontextualizadas da realidade – os quais os mesmos não teriam coragem de praticar se tivesse possibilidade, e alunos em estágios que zero ensinam sobre administrar, além da falta de um norte a seguir em suas carreiras. Daí o paradoxo (que muito onera o país ao termos outros profissionais em lugar de administradores) que enquanto estudante, já aflige.
Obrigado por elucidar pontos que muitas vezes desconheço,e mais ainda, por trazer uma percepção mais acurada sobre o Brasil, Administração, e nossa realidade.
Jorge, não é medo. Apenas me recuso a escrever certos nomes.
Mi mi mi….
http://exame.abril.com.br/negocios/gestao/noticias/ceos-nao-precisam-de-mba-para-enriquecer
Indo além
http://www.cogumelolouco.com/8-executivos-famosos-que-nao-terminaram-a-faculdade/
Grande parte dos administradores formados não empreendem. Pouquíssimos abrem o próprio negócio. Começam a ver tanta dificuldade que travam.
Kanitz,
apesar da precisão de seu artigo, tenho a impressão que o termo MBA em seu texto é usado para o Mestrado em Administração de Empresas no padrão dos EUA/Canadá/Europa.
Contudo, o padrão americano aqui no Brasil seria mais parecido com os mestrados profissionais em administração, e alguns acadêmicos. A maioria dos MBAs tupiniquins são cursos lato-sensu diferentes dos mestrados (exceto aqueles com certificações internacionais da AMBA – e nesse caso temos no Brasil apenas três cursos no IBMEC, quatro cursos da FGV, cinco cursos no INSPER, três cursos na FIA e dois cursos na Dom Cabral).
Site da AMBA – http://www.mbaworld.com
“Entre os 25 mais ricos, 18 tiveram formação superior de MBA em universidades ranqueadas entre as Top-30 pela BusinessWeek.”
Isso dá 72%. Reforça o argumento do Kanitz.
O segundo texto cita casos de empreendedores, não de administradores. Eles certamente tiveram ajuda técnica para dirigir as empresas.
Professor, muito bom o artigo sobre administração. Quero ver também sua opinião sobre a adminstração pública.
Seria necessário também que um administrador público (prefeito, governador, etc) tivesse formação em Administração?
Só le a parte que interessa…..
Destes, apenas nove estudaram em entidades situadas entre as dez melhores.
Kanitz say:
Que defendo que somente administradores com formação e treinamento em Faculdades de Administração conceituadas, com no mínimo nota 9
Não li só a parte que interessava não, li toda a reportagem. Ocorre que Universidades rankeadas entre as 30 melhores levam em consideração vários critérios, não apenas uma nota. Quando Kanitz diz “nota 9”, entendo que ele quer se referir às excelentes.
Será que não podemos considerar os 30 melhores como excelentes? Acho que sim.
Se 9 entre 25 (32%) estudaram entre dez melhores, isso não invalida o fato de a maioria entre os 25 (72%) ter um curso técnico em Administração em uma curso excelente.
Além disso, a reportagem mede a “riqueza” do CEO, e não necessariamente a competência dele em levar aquela empresa adiante.
Não acredito que alguém com MBA vai administrar obrigatoriamente melhor que alguém com outra formação, em Economia ou Ciências Contábeis, por exemplo. Mas certamente os competentes, quer em um curso formal ou não (como tem pregado Mintzberg), aprenderam técnicas de Administração.
É perigoso achar que qualquer um pode administrar sem preparo, e para adquirir preparo, um curso de Administração ou MBA ajuda muito.
Wasabi
Dois desses quebraran e foram salvos . Hehehehe
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O que sei é que deveríamos votar em pessoas capazes em administrar nosso país e a maioria das pessoas capazes e formadas não estão onde deviam estar.
Formandos e pessoas experientes estão desempregados nesse país e mudanças não ha, eu me sinto a cada dia, politicamente estuprada, sendo alienada e roubada.
Vânia Ranieri
Tecnóloga em Comércio Exterior