Queremos Ser Índios Novamente

Karl Marx deve estar revirando na cova ao constatar que no Brasil quem explora o trabalhador não são os 5% da ganância dos capitalistas que supriram a ideia e o capital e sim os 65% de impostos do Estado.

Esse exemplo, embora simplificado, permite também explicar as verdadeiras razões da má distribuição da renda no país.

Nossa produção só pode ser vendida se existirem consumidores que ganhem três vezes mais do que aqueles que produzem.

Quem ganha 770 reais não consegue comprar o produto de seu trabalho.

Sua canoa e seu salário depende de alguém que ganhe 2.310 reais para que seja vendida e seu salário efetivamente pago.

Você por sua vez só consegue comprar os produtos elaborados por quem ganha 260 reais.

Se as diferenças entre salários diminuíssem, ocorreria uma melhoria na distribuição de renda, mas a produção não escoaria, porque não haveria renda suficiente para comprá-la.

Tudo por causa da enorme carga dos impostos.

Não é o sistema capitalista que precisa de uma má distribuição de renda. É o sistema governamental.

Se a reforma tributária não reduzir drasticamente os impostos, de preferência pela metade, continuaremos com a pior distribuição de renda do mundo, desemprego, exclusão social e violência.

Nenhuma das propostas de reforma começou com a questão fundamental: discutir as funções do Estado moderno, para depois discutir quais os impostos necessários para pagar a conta.

Algo me diz que a reforma tributária aumentará ainda mais nossa carga tributária e não propiciará uma redução, como se imagina.

Não é à toa que, de todos os grupos residentes no Brasil, os que têm de longe a melhor distribuição da renda são justamente os índios. Os que não pagam impostos, e no final do mês têm as canoas que produziram.

10 Comments on Queremos Ser Índios Novamente

  1. Sr. Kanitz. Sou admirador de seus textos (não perco um de seu blog), mas é necessário uma pequena observação:
    O seu texto é de 1999 e por isso, é possível que naquela época, quem ganhasse R$ 1000,00, pagasse 15% de IR, entretanto, seria pertinente atualizar os valores do texto, visto que hoje não incidiria IR sobre o valor de R$.

  2. Só não entendo como uma canoa fabricada aqui e exportada para o México (ou Argentina) seja vendida lá por um preço mais baixo do que aquele pago por deficientes físicos que são beneficiados por isenções de impostos.

  3. Um amigo meu administrador, à época do artigo já brincava com a brutal carga que até aumentou de lá para cá.
    Embora todos já tenham ouvido, indicava bem o mau uso dos impostos no Brasil. Seria a mudança do nome do país para BELÍNDIA; Impostos como da Bélgica e serviços para o povo como da Índia!!!
    Alguma mudança houve. Os impostos no Brasil aumentaram, e os serviços na Índia melhoraram. Comemore-se aquí o aumento da renda das classes C e D.
    Bem lembrado Kanitz!!!!

  4. Definitivamente as sociedades indígenas são muito mais desenvolvidas que as nossas com nossos aparelhos de LCD, IPAD etc. etc.
    Os índios são iguais, todos tem funções na aldeia, não são contaminados por governantes corruptos, favorecimentos e outras tantas mazelas dos “brancos”
    Talvez fosse uma saída para tantas desigualdade de hoje voltarmos para uma “sociedade indígena”.
    Jayme Filho – Adm Empresas.

  5. Melhor usar uma curva do que “reduzir drasticamente pela metade” já que não seria correto bens superfluos (importados ou não)pagarem a mesma alíquota que demais bens básicos (e ai começa a confusão..rs)

  6. olha Jayme, vc esta com a visão sobre comunidades indígenas um pouco “romantica ” demais, pois eles estão tão ou mais corrompidos do que os “brancos”!! inclusive com favorecimentos e “outras mazelas”. Infelizmente é a realidade……

  7. Supondo que vc esteje no Brasil e a Canoa custe R$ 2.310,00. O Empresário consegue vende-la por R$ 4.620,00. Basta parcelar em 48 vezes sem juros de R$ 96,25.
    Pronto, problema resolvido e td mundo feliz.

  8. Não se precisa ver “material escolar” ou qualquer bem basico. A carga sobre eles é alta. Por isso uma curva. Aliquota maior para itens superfluos ou de peso alto na balança e menor aliquota para bens de consumo de menor valor.Com implementação de cotas de importação.

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