Como Destruíram a Capacidade de Emprestar das Nações

Todas estas crises dos últimos 30 anos têm a sua origem num fato que a ciência administrativa vem alertando continuamente:

Os bancos do Ocidente vêm desaprendendo a técnica de avaliar e emprestar dinheiro de forma segura e produtiva.

Tudo começou com as novas teorias expostas por Eugene Fama, Myron Scholes, Fischer Black, e vários outros que inventaram uma série de “derivativos”.

Derivativos são abstrações, proxies, não existem a não ser na imaginação e na sua legalização.

O mais famoso destes derivativos são as “opções”, um dos instrumentos mais maléficos da história das finanças.

Opção é o direito de você destituir um acionista de uma empresa.

É trocar um acionista de longo prazo por um especulador, um quantitativo, um fanático por derivativos, que nenhum compromisso tem com a empresa.

O acionista vendedor da opção tem a obrigação de entregar a sua ação pelo preço estabelecido pela opção de compra, a um especulador nato de um “speculative fund”.

Não discuto que Fundos de Pensão deveriam ser proibidos de lançarem opções para estes especuladores, mas não vejo ninguém compartilhando esta tese.

Estes especuladores, discípulos de Black & Scholes, não têm nenhum interesse na empresa em si, tanto que em toda a literatura sobre opções, as empresas sequer são mencionadas.

A maioria nunca as visitou, nunca estudou nada sobre elas.

Fidelizar cliente, trabalhador, fornecedor, acionista, nem pensar.

Eles professores desfizeram em 30 anos, o que administradores desenvolveram nos últimos 100 anos.

Ao longo dos últimos 100 anos tornamos a empresa mais estável e autossustentável, com stakeholders comprometidos com a produção.

Fidelizamos clientes, fornecedores e trabalhadores num conjunto mais  harmonioso e perene.

Black & Scholes e seus companheiros fizeram justamente o contrário.

Transformaram o capitalista no mais infiel da equação, quando 100 anos atrás era justamente o mais fiel, o capitalismo da empresa familiar.

O capitalismo conservador, daí o nome, se tornou instável devido a estes intelectuais, e não devido a uma suposta contradição do capitalismo.

Hoje, o objetivo da ciência econômica não é mais a riqueza das nações, mas é aproveitar

6 Comments on Como Destruíram a Capacidade de Emprestar das Nações

  1. Caro Mestre Kanitz, o Senhor está esquecendo de um importante detalhe. As teorias desenvolvidas por Fischer Black e Myron Scholes funcionam muito bem no papel, mas na prática são um desastre. A maior prova disso é o fato de o “Doutor” Scholes já ter “quebrado” dois fundos ao tentar colocar suas teorias em prática: o LTCM em 1998 e o Platinum Grove Asset Management em 2008. Ou seja, o modelo matemático Black & Scholes desenvolvido por ele e por seu colega já falecido não são a “máquina de fazer dinheiro” que parecem ser. Depois do segundo fracasso, o “Professor” não teve outra alternativa a não ser voltar a dar aulas…

  2. Caro Kanitz,
    Gostaria que você num futuro artigo comparasse a reforma no sistema financeiro que o senhor defende e a reforma que o governo Obama, tão criticado por você, defende. Gente heterodoxa como o professor Belluzzo também acha que o sistema financeiro deve ser reformado. Por isso fica a questão: o que deveria ser mantido no sistema econômico atual (e que os esquerdistas criticam erradamente) e o que deveria ser mudado?

  3. Prof. Kanitz,
    A “culpa” não é de Chicago.
    A Chicago Board of Trade é de 1800 e qualquer coisa. Também tem mais de 100 anos. Lá que surgiram as primeiras rodadas de negociação dos comerciantes americanos de grãos. Encontravam-se compradores e produtores e esses fechavam seus negócios. Uma primeira forma de organização dos mercados.
    Com o tempo foram chamados de “contratos futuros”, “a termo”, “hedge”, “swaps” e outros. Depois o que aconteceu foram circunstâncias da modernização, o desenvolvimento do mundo moderno, que ocorreu (e ocorre) em qualquer setor produtivo.

  4. Prof.Kanitz
    Sois um romântico, o que não é demérito, mas dinheiro não tem moral e tudo que estamos vendo é a oportunidade que as circunstâncias criaram.Buscou-se uma desregulação em prol de uma liberdade que se supunha auto regulatória (pelo menos alguns iludidos)criaram-se instrumentos ‘derivados’ que acredita-se contribuiriam para a auto regulação do sistema e esqueceram-se de combinar com os russos como disse o sábio garrincha.esqueceram-se de colocar a democracia na na auto regulação. Na mão de poucos o monopólio da banca é quase um caminho natural.Não são os economistas, não são os administradores.È a política, são as ‘decisões’ que desenham o porvir.O que vemos é consequência do conjunto das decisões e suas circunstâncias temporais (a história incluída). Esqueça os culpados

  5. Escrevi um artigo como reposta, mas destaco meu principal posicionamento:
    Concordo que a especulação por trás dos derivativos é que fomentaram as principais crises desde a crise do petróleo na década de 70, mas o Prof Kanitz esquece que objetivo inicial dos derivativos não era a especulação, com a consequente inserção da volatilidade nos mercados, mas exatamente o contrário: a eliminação da mesma. Neste ponto, creio que o Prof. Kanitz erra ao confundir a faca com o assassino.
    http://monteiroforex.blogs.advfn.com/2011/10/19/sao-os-derivativos-os-viloes/

  6. Caro Sr. Kanitz, na minha modesta opinião, a nossa sociedade precisa resgatar o papel dos seus sábios, dos seus mestres para sairmos desta maldita cadeia de ignorância que ata todos ao preconceito e as trevas. Como o Sr. destaca em diversos artigos, com muita maestria, a pergunta bem feita traz um bocado de luz. Então as perguntas corretas não deveriam ser: Onde estão os verdadeiros sábios e mestres do nosso país? Por que não damos a palavra a estes que estão nas comunidades, nas escolas, nas empresas e muitas vezes esquecidos por todos?
    Não acredito que o problema se concentra em qual profissão se exerce ou se escolhe mais simplesmente na questão do uso bom senso.

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