A política de substituição de importações acabou dando uma direção à economia brasileira não compatível com a realidade.
Nossos desenvolvimentistas da época, com sua política de substituição das importações, criaram uma indústria voltada para produzir bens para os 10% mais ricos da população.
Produtos importados e sofisticados que eram importados pelos ricos passaram a ser produzidos aqui, e assim crescemos.
A má distribuição da renda não foi uma consequência, mas uma necessidade para se escoar a produção.
Um modelo parece que se esgotou por várias razões: existem cada vez menos ricos no Brasil e no mundo, e os que temos irão de novo importar os seus carros, home theaters etc, com a abertura das importações.
Tentar enfrentar o problema, produzindo produtos com ainda mais qualidade e tecnologia do que os concorrentes no Primeiro Mundo, será uma tentativa desigual.
Países do Primeiro Mundo sempre terão mais escala e menores preços simplesmente porque suas populações são mais ricas.
A saída será reorientar a produção para os 20, 30, 40, 50% seguintes na escala econômica. Os 50% mais pobres da população infelizmente ainda serão marginalizados.
As vantagens porém são enormes.
Quando rico fica mais rico, a renda disponível cresce somente uma fração do aumento da renda.
Quando pobre fica mais rico, saia de baixo. Um aumento de 1% de crescimento no PIB, aumenta 3% o consumo de ovos, por exemplo.
No ano 2000, 2/3 da população mundial será relativamente pobre, e se nós pudermos criar e vender produtos adequados para os nossos pobres, aí sim, teremos condições de exportar competitivamente – para o mundo. E o nosso grande concorrente será a China, e não a Coreia, Japão e Estados Unidos. Meno male.
Nossas empresas em média estão mal preparadas para o segmento de produtos populares.
Muito interessante como um texto escrito há mais de 15 anos continua sendo bem atual. Mas acho que em relação ao tempo em que foi escrito, já há mais empresas investindo nos pobres.
Além disso, poderíamos competir em igualdade de condições com a China em 1995.Hoje está mas defícil.
ops…difícil
SK,
gosto do que o senhor escreve. Parabéns!
Sou psicólogo e terapeuta, seus textos me ajudam a entender melhor o mundo e, claro, as relações sociais.
Abraço,
Regis Mesquita
http://www.psicologiaracional.com.br/
?????
No caso brasileiro, a simples eliminação do FGTS e a sua distribuição imediata ao trabalhador aumentaria a renda sem onerar os custos da empresa. E se o país crescer, os riscos de desemprego serão menores.
Pobre vai comprar casa ou carro como? FGTS é praticamente uma poupança para pobre, já que não pode tirar, quando quiser.
Pois é em 1995, Brasileiro ganhava praticamente igual a um chines (menos de 100 dollares). Perdemos as vantagem cambial e aumentaram os impostos.
Professor, já falei sobre a tal bicleta elétrica (ou com motor) para algumas pessoas, como opção viável para a classe baixa. As pessoas mostram desdém por essa ideia, mesmo sendo pobres, e isso é lastimável. Elas querem um carro e ponto final, não estão abertas a outros pensamentos.
Ainda falando sobre carros e produtos “populares”, li esse artigo num blog automotivo:
http://www.jalopnik.com.br/boicotando-tomates-e-comprando-carros/#idc-cover
O autor defende que não temos noção alguma de valor, e, por isso, as concessionárias cobram pouco mais de R$ 96.386 num Hyundai Elantra 2.0, carro que nos EUA sai por mais ou menos U$ 23000,00 . Você concorda com esse texto?
Wellington,
Li o artigo que voce pediu, mas no Brasil o governo taxa carros em 100%, porque na epoca era considerado luxo, e tirar impostos dos ricos é mais facil do que tirar de pobres.
O boicote que a classe media precisa fazer é contra impostos e gastos bobos do governo.
Obrigado pela atenção, SK. Também acho que deveríamos pedir impostos mais justos, nos veículos e em todo o resto. Fico pensando se um dia será possível comprar Hondas e Toyotas – carros populares nos EUA e de classe média alta por aqui – a preços justos. Abraço.