No mundo moderno, em constante mutação, inteligência quer dizer outra coisa. Significa enxergar o que os outros (ainda) não vêem. Isso é próprio de pessoas criativas, pesquisadoras, curiosas, exploradoras, que encontram soluções para os novos problemas que temos de enfrentar.
O método de ensino eficaz, segundo Feynman, deveria formar indivíduos curiosos. O objetivo final de uma aula teria de ser formar futuros pesquisadores, e não decoradores da matéria. O que mais o espantou é que nosso ensino de física e química é muito superior ao americano, algo que todo brasileiro já sabe. Mesmo assim, notou Feynman, o Brasil produz menos físicos e químicos que os Estados Unidos.
A hipótese que ele levanta é o método de ensino. Damos muita teoria e informação, mas ensinamos pouco como usar as informações aprendidas. Por sua vez, os americanos sabem e aprendem muito menos teoria, mas devotam mais tempo aprendendo como usar a informação apresentada, sob todos os ângulos.
Suspeito que essa seja a razão de nosso péssimo desempenho nos testes internacionais administrados pelo Programa Internacional de Avaliação Estudantil (Pisa), em que o Brasil aparece nas últimas colocações, inclusive em física. Os testes do Pisa enfatizam mais o uso da informação do que a lembrança da informação em si, algo em que o aluno brasileiro se destaca.
O certo seria, talvez, escrever livros “didáticos” menos didáticos e mais motivadores, que estimulassem a curiosidade e fossem mais relacionados com a vida futura de nossos alunos. Alguns dos livros que avaliei mal estimulam o aluno a virar a página para o próximo tópico, muito menos poderiam seduzi-lo a se dedicar ao assunto o resto da vida.
Vamos fazer um simples teste entre 1 000 alunos e descobrir quantos jogaram fora seus livros didáticos após a formatura e quantos os guardaram como o primeiro volume de uma grande biblioteca sobre o assunto. Isso nos diria quais os livros didáticos que de fato estimularam nossa curiosidade, o objetivo principal do ensino moderno.
Os Americanos estão em decadência..
Use o método Chinês.
http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/0984/noticias/a-tigresa-e-o-sputnik?page=1&slug_name=a-tigresa-e-o-sputnik
Professor,
Lúcida visão, de quem é erudito e entende do assunto, é curioso e aprendeu a pensar.
Talvez seja por isso que, no Brasil, os alunos estudam “para passar”…
Excelente explanação. Acredito que seja este um dos principais problemas da educação brasileira(apesar dos pontos positivos), juntamente com o desinteresse apresentado pelos jovens, e as precárias condições de estudo neste país.
No ano passado desisti de ajudar meus filhos, não havia como. Olhava para o livro didático, impresso por editora da escola, e ficava profundamente desanimado, eram estranhos e sem sentido. Minha única orientação era a de que deveriam decorar o que a professora queria e estudar, por fora, na internet. Graças ao Bom Deus mudamos de cidade e de escola.
Quanto a mim, nunca entendi por que os professores de português trazem seu conteúdo de faculdade para a sala de aula de colégios. O que adianta conhecer a estrutura de um texto se nem sabemos interpretar um texto, se não sabemos expressar pensamentos. Decoramos apenas para passar e depois. Minha sorte foi que desde pequeno lia bons jornais e livros.
Grande Explanação Prof. Kanitz, inclusive vai de encontro com um assunto que estava discutindo dias atrás com um colega sobre os concursos públicos, que vai na mesma linha de raciocínio do seu texto, pois quem passa num concurso é quem “decorou” e não quem raciocinou para chegar no resultado, é por isso a nossa péssima qualidade em vários setores públicos.
Prefiro o método norte-americano. O método chinês é muito “violento” com as crianças. Precisamos de uma sociedade equilibrada e não somente excelente em aspectos técnicos.
Curiosidade e liberdade para se estudar o que lhe interessa, são duas coisas que se tem na cultura de ensino americana e ainda não fazem parte da nossa cultura.
Não existe avaliação de Física no PISA