Preços de Mercado e Preços Administrados

Precificação de produtos para o mercado sempre foi um problema complexo de administração de empresas.

Professores acadêmicos neoclássicos acreditam que os preços são determinados pelo mercado, pela intersecção da “curva da oferta” com a “curva da procura”.

Notem a falta de qualquer compromisso com a realidade.

Por que não usar como exemplos os preços de café, aço ou milho? Ou pelo menos números fictícios, pelo menos o zero.

E é sempre a mesma figura.

Essa abstração dissemina a imagem de que o assunto não é exatamente uma ciência, algo ligado à realidade. Parece mais Filosofia, algo totalmente teórico…

E de fato é. A maioria dos preços hoje em dia não é determinada pelo mercado, mas por diretores de marketing e seus Contadores de Custos.

A maioria dos produtos não é mais de commodities agrícolas, com cotações em bolsas internacionais a preços instantâneos, como na época dos neoclássicos.

Não se pode mudar o preço todo dia numa empresa moderna – os atacadistas e os consumidores reclamariam.

Qual é o preço justo? Qual é o preço correto?

Que custos precisam ser cobertos?

Qual a parte dos custos fixos da empresa que precisa ser coberta por este produto em particular?

São questões que a Microeconomia não cobre adequadamente, nem a ideologia.

Surpreendeu-me esta semana ler sobre a gravação de uma conversa confidencial entre Hugo Chávez e Lula, que vazou para a imprensa.

“Não podemos conceder à Petrobras um preço diferenciado”, diz Chávez. “O preço tem de ser o de mercado.

É estranho ver um socialista admitir que o preço justo é o de mercado e renegar, de um lado, o conceito de socialismo.

Que por incrível, os únicos agora que mantém o credo socialista são os administradores.

Nós também não aceitamos o preço de mercado por ser muito variável.

Podendo romper os laços de parceria e cooperação mútua com distribuidores e revendedores.

Estabelecemos junto com nossos contadores preços que achamos sustentáveis a longo prazo, que chamamos de Preços Administrados.

Preços que não flutuam ao sabor do mercado, aquele mercado tão endeusado dos Acadêmicos Neoclássicos e Liberais.

8 Comments on Preços de Mercado e Preços Administrados

  1. Essa “mesma figura” de curvas de oferta e demanda só é utilizada nos livros de economia para administradores. Embora também conste nos livros de graduação de economia, estes também devem apresentar os casos em que as hipóteses neoclássicas não são válidas.
    O que eu digo é que a microeconomia atual não ignora as relações contratuais, sejam formais ou não, na formação de preços. Nem mesmo ignoram o uso estratégico do preço num ambiente concorrencial. Aliás, pouco se utiliza o argumento de concorrência perfeito, exceto pelo seu uso didático inicial.
    As questões que o Sr. levanta são melhores respondidas por adminsitradores e/ou contabilistas. O foco da microeconomia está mais nos mercados (ou indústrias, ou setores, como preferir). Seria até mesmo uma irresponsabildiade tratar desses assuntos que não são pertinentes ao estudo da ciência econômica.
    Acredito que deve ficar claro que administradores, economistas e contabilistas atuam em segmentos específicos, mesmo sendo muito relacionados. Portanto, o objeto dos estudos e o campo de atuação também são distintos. Pode-se observar que nem mesmo a noção de custo é igual nas três as áreas.

  2. Como não flutua?
    Nunca viu noticiário ou foi fazer compra no mercado.
    Preço do Feijão despencou, preço da carne disparou.
    O Alcool em menos de um ano custava menos de R$ 1,00 e hoje R$ 1,79.
    Preço dos computadores não param de cair, Tv de LCD etc…
    Construção civil, com o mercado aquecido o preço do material de construção disparou….
    Em que mundo os Intelectuais vivem.. E querem cuidar do governo.

  3. Vinicius Barcelos, sinto muito.
    Este gráfico foi tirado de Introdução a Microeconomia por Stiglitz e Walsh, escrito para economistas.
    A capa inclusive declara que Stiglitz recebeu um Premio Nobel de Economia, algo que ele jamais recebeu.
    O resto do livro segue este mesmo rigos “científico”?

  4. Esse livro do Stiglitz é de Introdução a microeconomia. Mas como disse, mesmo livros mais precisos, e não manuais resumidos como este, devem apresentar as extensões da teoria. Se não o fizerem então não são bons.
    O livro para a graduação que eu considero o melhor dentre os mais básicos é o do Varian – atual economista-chefe do Google. Melhor que este têm-se o do Nicholson, ainda para graduação. Ambos são didáticos e com algum rigor, mas o último é mais abrangente.
    Rigor científico, de verdade, somente no livro do Mas-Colell.

  5. O que quis dizer no 1º parágrafo do comentário acima (escrevi errado…) é que mesmo em livros mais precisos essa figura é apresentada, ainda nos primeiros capítulos. Mas deve ter bem especificadas as hipóteses que o sustentam. E é crucial que nos capítulos posteriores sejam mostrados situações sem essas hipóteses e os recentes avanços em organização industrial.

  6. Ouvi recentemente, de um Doutor em Administração, que Porter mesmo emprestou conceitos da organização industrial para elaborar seu modelo das cinco forças. Lembrando que a talvez os teóricos da organização industrial sejam uns dos principais críticos à teoria microeconômica neo-clássica ou Liberal.
    Vale ressaltar que preços só pode ser de fato administrados em cenários onde todas as variáveis são controladas (há tal ambiente de negócios?), se não cria-se o chamado mercado paralelo (lembram-se do câmbio paralelo?).
    Acredito que há pelo menos dois pilares a serem considerados na precificação de produtos em uma empresa: 1) Quanto os clientes e potenciais clientes querem ou se dispõem a pagar? 2) Minha estrutura de custos comporta que preço para tornar meu negócio sustentável a longo prazo?
    Bruno Saavedra

  7. Há certos produtos que quando são mais caros fazem com que a demanda aumente (mesmo excluindo ambientes inflacionários onde as pessoas correm pra comprar com medo da desvalorização da moeda).
    Preço é algo decidido subjetivamente e, às vezes, o preço maior faz com que se tenha uma percepção de maior valor, aumentando a demanda.

  8. Hoje em dia não se aplicam mais “preços justos” em nada.

    Os Investidores, principalmente estrangeiros … só buscam lucros sempre maiores, cada vez mais e mais.

    E o alvo não é mais quanto custou … e Sim, por quanto eu posso vender ? Quanto o meu cliente consegue pagar ?

    O Meu concorrente tambem esta buscando cada vez maiores lucros, ao inves de ambos abaixarem o preço … o negocio de ambos subirem os preços se torna mais interessante.

    Em alguns casos há redução de preços ? Claro que sim, isso quando de alguma forma aparece uma redução tributária, ou talvez um subsidio governamental, entre outros.

    Estamos no mundo do consumo, cada vez mais novo, cada vez melhor, cada vez mais tecnologico, cada vez com mais facilidades de pagamento, cada vez mais crédito.

    Poucos olham e compram o que precisam, compramos o que não precisamos, só para termos o mais novo, e não vemos o preço e sim a parcela, ou então vemos o preço apresentado e não levamos em conta os gastos que acompanham o novo equipamento, o consumo é quase um vicio, que está sendo enfiado garganta abaixo de todos nós pelos profissionais de Marketing e os profissionais de Propaganda.

    Exemplo: … rs …. Eu já não vejo a hora de sair os novos “George F.Gril Master Plus Advance 2000 milenium ” ou o ” Juicer Evolution Revenge Doctor 3.5 Beta ” …….

    não sei como vivi sem eles até hoje !!!!!

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