O Salário Mínimo volta a ser pauta jornalística e é triste ver que ninguém alerta o engodo que é.
Fico triste com o número de “conquistas sociais”, criadas por pessoas “bem intencionadas”, que geram atraso e pobreza.
A ideia por trás do Salário Mínimo é que empresários e administradores são imbuídos de “espíritos animais”, segundo Keynes, e querem “maximizar lucro a todo custo”.
Por isto, intelectuais de esquerda precisam “intervir” na economia e nos preços de “mercado”, estabelecendo um patamar mínimo de R$ 540,00. Leiam a teoria.
Segundo intelectuais como Celso Furtado, nós administradores preferiríamos contratar por R$340,00, entregando máquinas caríssimas a funcionários desmotivados e rancorosos.
Por isto intelectuais esclarecidos precisam nos obrigar a pagar um salário “justo”.
Santa ignorância administrativa!
Mal sabem que preferimos contratar os melhores funcionários possíveis, respeitando a rentabilidade possível do produto.
Preferimos pagar bem aqueles com que convivemos, e pagar mal aqueles que nos servem mas nunca vemos, como estes intelectuais os que trabalham no Governo.
O Engodo está no seguinte. 90% dos que recebem o Salário Mínimo são jovens no seu primeiro emprego. Dois anos depois, com o mínimo de boa vontade e experiência, ganha-se mais do que isto.
O Salário Mínimo, portanto torna-se uma forte âncora para estabelecer o Salário Inicial de todo jovem trabalhador, independente do seu real valor.
O SM engana os melhores alunos que poderiam comandar R$ 640,00 ou R$ 720,00 no seu primeiro emprego a aceitarem o SM.
Foram os melhores alunos, não bebem e tiraram 10 em Matemática, teriam tudo para acertar acima do SM.
Mas, jovens inseguros não conseguem negociar o que realmente valem, quando o próprio Estado estabelece uma âncora inicial, o Salário Mínimo.
“Você começa com o Salário Mínimo, e depois que nós conhecermos você melhor, daremos o aumento de mérito”. Por que você não poderia começar com R$ 720,00 já que você tirou 10 em Matemática?
Porque o Salário Mínimo é oficial, é uma âncora muito forte para se contestar.
“Você começará com o SM, depois de conhecermos, a gente melhor”.
Infelizmente 90% aceita este engodo, não sabendo que depois de assinado o primeiro contrato, sua capacidade de renegociar vira zero.
Se não existisse o Salário Mínimo, cada um teria de negociar sabendo o salário médio da região, o salário de seus amigos mais burros, e lutar pelo seu interesse.
Mas nossos jovens aprendem que o Estado e os Sindicatos lutarão pelos interesses da classe, e portanto ninguém precisa a aprender a negociar,”nós faremos tudo isto por você”.
Lembre-se que a empresa está lhe contratando porque está crescendo 10% ao ano, e precisa de mais funcionários. Pagaria muito mais que o Salário Mínimo.
Só que nossos intelectuais não precisam estudar Técnicas de Negociação, recebem salário fixo do Estado, e não sabem que “quem renegocia, negocia mal.”
Ou seja, pedir um aumento para o seu patrão é muito mais arriscado do que pedir um bom salário inicial.
Se você disser não, o patrão deixa de ter um funcionário que obviamente está precisando.
Se você pedir um aumento, que na maioria das vezes é quando você está precisando, é você que terá de mudar de emprego, procurar outra empresa, perder contatos Fico.
Você agora tem muito mais a perder do que quando já estava desempregado.
Uma experiência feita no MIT mostra o poder do que chamamos de “ancoragem”.
Alunos foram divididos entre patrões e candidatos.
Patrões sabem o lucro do produto, o crescimento da empresa, o salário que estão pagando, o prejuízo que um mau funcionário causa.
Os candidatos sabiam o salários de seus amigos, a nota que tiraram em Matemática, e quanto queriam ganhar.
Depois de muita negociação, o salário acordado girava em torno de R$ 625,00.
Aí, dividiram (outros) alunos em dois grupos.
Um grupo via o número R$ 750,00 por um segundo projetado na parede. O outro grupo via o número R$ 460,00 projetado na parede.
Para a surpresa de todo mundo, o salário médio do primeiro grupo fechou em R$ 730,00, o do outro fechou em R$ 520,00.
Irracional, mas é o que aconteceu.
O número projetado na parede, como um sinal de Deus, serviu como uma âncora neurológica e teve uma influência acima do esperado.
O que você acha que o Salário Mínimo faz com o trabalhador que está negociando seu primeiro salário?
O exemplo do MIT na realidade era outro, no mesmo estilo, eu simplesmente “mudei” para o caso do SM.
O que nós do @PBE_BR faríamos: leia no próximo post.
Salário mínimo nunca vai aumentar demais por 2 motivos.
1º Gorverno usa para pagar aposentadorias e pensões, incluindo aquelas dezenas de milhares de gente que nunca contribuiu (rural, funcionário públicos etc)…
2º Ganha-se uma inflação praticamente proporcional ao aumento do salário mínimo.
O processo de negociação salarial proposto por você funcionaria muito bem em países norte-americanos ou europeus onde o nível educacional geral da população e a maturidade das escolas de negócios permitiriam maior equilíbrio entre as partes.
No Brasil, a ausência de uma regra em forma de lei para regular essa remuneração inicial geraria desequilíbrio na negociação e fragilizaria significativamente a parte mais fraca do processo, o trabalhador. Ainda mais consideradas as particularidades dos nossos empresários (encaremos os fatos, a maioria não é socialmente responsável), o nível educacional brasileiro e a tendência a baixa auto-estima do trabalhador brasileiro.
Bruno Saavedra
Aumentar o salário minimo abruptamente antes de controlar a inflação é esquartejar o suicida antes que ele morra.
O salário mínimo é um parâmetro mínimo, nada impede o empregado de negociar seu salário inicial, ocorre que em uma situação de desemprego a parte hiposuficiente é quem busca a vaga, logo a tendência se não houver um fiel da balança é que a parte mais forte prevaleça. e no país do trabalho escravo e da exploração infantil teríamos, na ausencia do salário -minimo, uma situação calamitosa.Logo, o SM é uma necessidade frente a realidade nacional, embora não exclua outras formas de pactuação.
A verdade é que só existe um tipo de poder no mundo dos homens: o poder de barganha. Ou seja, a capacidade de impor suas condições aos outros. Como foi bem colocado nos comentários, atualmente a “balança de poder de barganha” está pendendo pro lado do empregador.
Se o povo não tem isso, não é estabelecendo “na canetada” que ele vai passar a ter. Salário mínimo gera desemprego e inflação. O que seria melhor pra um desempregado, continuar desempregado ou trabalhar – temporariamente – por menos que um S.M.?
Por mais que argumentem que não ia ser temporariamente, que tem o lado emocional e blá, blá, blá, um exemplo que ilustra como o poder se move, é que não se encontram, empregadas domésticas que aceitem trabalhar por um S.M. no Rio de Janeiro de hoje (antigamente existiam), mesmo depois do S.M. ter tido muitos aumentos maiores que a inflação. Motivo? Elas têm poder de barganha! O trabalho delas VALE MAIS que um salário mínimo aqui.
Salário mínimo alto gera inflação. Espero que vocês sejam cientes da diferença entre o IPC-A e a inflação da baixa renda. Essa última é sempre muito maior, porque os itens básicos sempre sofrem aumentos e acima do índice.
Ao meu ver, o resultado final é que o mínimo acaba penalizando justamente quem ele se propõe a proteger: os mais pobres! E, por serem ignorantes, esses acham que o governo os está protegendo. Não é de se estranhar, afinal, até quem NÃO É ignorante ainda não consegue entender isso!
O que o governo precisa fazer pra aumentar os salários efetivamente é distribuir PODER DE BARGANHA pro povo. Como fazer isso? Obviamente que não é possível fazer “na canetada”, é preciso mapear os campos de conhecimento mais valiosos PRO MERCADO e investir pesado em educar o povo principalmente nesses campos, e isso pode e DEVE ser feito com o auxílio de empresas.
Como não se consegue adquirir esse tipo de conhecimento sem base, é preciso investir ainda mais pesado no aumento da QUALIDADE (não só da QUANTIDADE, como os governos têm feito desde FHC) do ensino fundamental e médio. E dar condições a pessoas de mais idade que não tiveram oportunidade de conseguir estudar em sua juventude de conseguirem estudar hoje e melhorar sua situação.
É a única forma PRÁTICA que eu vejo do governo melhorar a situação salarial do brasileiro. Isso, infelizmente, não vai acontecer, inclusive porque o próprio povo não tem capacidade de enxergar esses fatos e dar a eles seu devido valor.
Wasabi, concordo muito com o seu item “1” com a seguinte ressalva: Funcionário público uma ova! Todo F.P. contribui tanto como ativo quanto depois de aposentado. Os POLÍTICOS são os que não contribuem e se aposentam levando uma bolada após uma porcariazinha de um mandato.
Você não entendeu… procure artigos científicos com a palavra chave “ancoragem” e estude-os. Enquanto você não entender este conceito, não vai entender o que o Kanitz quis dizer, e vai escrever bobagens como essa.
Um SM proporcional, talvez ameaçaria a arrecadação da “receita”, principalmente no plano trabalhista.
E como esta poderia ser? proporcional também?
Prezado professor Kanitz,
Análise brilhante.
Só temos uma discordância. Sua confiança na equanimidade do ser humano, especialmente de administradores.
Ainda somos uma espécie de predadores e, pior, predadores de membros de nossa própria espécie.
Se alguém me perguntasse (ninguém?) eu diria que a solução está em Salomão. Precisamos mesmo é de um sistema jurídico que realmente trate de Justiça e não de “proteger” uns dos outros. Delegar a proteção própria a governos, advogados ou juízes é a maneira mais fácil de se tornar presa dos predadores de plantão, sempre atentos para atacar os mais fracos.
Em tempo … não acho que vai acontecer tão cedo!
Caro, professor:
1. Procure imaginar o que aconteceria no Brasil todo se não houvesse nenhum valor de referência. Eu não tenho coragem de propor a extinção do SM.
2. Se somente a nota de matemática contar,creio que teremos a destruição do planeta como favas contadas.
3. Se a ancoragem de um valor teve tanto impacto na experiência relatada, talvez o nome “mínimo”, que quer dizer muito pouco ou o menor possível,cause grande impacto negativo no valor do salário. Portanto, pode ser uma boa idéia trocá-lo por outro mais positivo, como “básico”. Ver meu texto: http://brasil.indymedia.org/pt/blue/2010/08/476185.shtml
4. É uma verdade estranha a que o senhor referiu: a maior parte dos nossos intelectuais tem a segurança do emprego público, inclusive os liberais!
A questão, acho que não é nem o salário mínimo.
E sim reduzir os impostos, já que são este o grande vilão dos preços no Brasil.
Dos R$ 545,00. R$ 218,00 é do governo.
Bons funcinários. Aqueles que estudam, apresentam projetos e vestem a camisa da empresa. Não precisam ficar chorando aumento, pois são naturalmente promovidos.
Vale a pena lembrar que o SM é um piso que no caso dos estados mais desenvolvidos fica abaixo do salário inicial estabelecido por convenções, acordos sindicais etc.
Aluta’ da Força sindical não passa de engodo, já que seus ‘sócios atletas’ de há muito situam-se acima desse patamar.
O problema crucial está nas prefeituras e sobretudo na Previdência, cujo modelo está falido. O resto é demagogia pura. nenhum aluno ‘brilhante’ inicia hoje com 1SM, na iniciativa privada, salvo terrível engano meu.
Mais alguns bons argumentos contra o salário mínimo: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=339
quem realmente acredita que os salários são fixados com base apenas com base na oferta e demanda de forca de trabalho e que os empregadores visam a pagar o mínimo possível para maximizar a “mais valia” ignora, pelo menos, os 30 últimos anos de economia comportamental e 25 de economia da informação.
Googlem “ancoragem”, “heurística”, kahneman, tverski, por favor!