O Termo Empresário


Acho que o empresário brasileiro é a minoria mais perseguida deste país.

E vejo como o termo Empresário é usado em muitos órgãos de imprensa.

No interior é sinal de alguém bem sucedido, que gerou emprego etc, etc, mas entre muitos jornalistas não é bem assim.

No caso do mensalão, o publicitário Valério nunca foi citado como publicitário, e sim como Empresário.

Daniel Dantas no caso da Operação Satiagraha era sempre retratado como Empresário e não como o melhor Economista da FGV ou Engenheiro que era.

No Wikipedia é retratado como banqueiro outra minoria mal vista neste país.

Uma mulher que comprou uma Ferrari no leilão governamental é citada no Estado de São Paulo como empresária, dona de uma empresa de aparelhos dentais.

Provavelmente era dentista, mas associar luxo excessivo com Empresário é dogma.

A carga tributária neste país é o que é porque o congresso, a opinião pública, e muitos outros acham que todo empresário é sonegador, o que de fato não é verdade.

Mas dito isto, existe um atitude considerada politicamente correta, que é “nunca pergunte como um Empresário fez o seu primeiro milhão”.

Se Engenheiro bem sucedido continua Engenheiro, e Administrador bem sucedido, como o Leal, vira Empresário, vocês administradores que me criticaram têm um sério problema de marketing: nunca serão valorizados.

Warren Buffett, nunca é citado como Administrador, e sim como Investidor bem sucedido.

Marina Silva, inclusive saiu a público dizendo que o Brasil não precisa de “um gerente”, isto dito com seu Vice Guilherme Leal ao lado, um tiro no pé.

Todo dia leio textos acusando Empresários pelos seus Espíritos Animais, termo inventado por Keynes, pela ganância, pela maximização do lucro em detrimento ao meio ambiente.

Toda esta crise financeira foi atribuída não à falta de supervisão do Bernanke dos Bancos de Investimentos, mas aos “bônus dos administradores dos bancos”, algo que Paul Krugman e Nouriel Roubini não param de escrever.

Adam Smith escreve com todas as letras para não se confiar “no management das empresas”, que tudo chega nas mesas das famílias graças a mão invisível do mercado.

Foi necessário Alfred Chandler escrever “A Mão Visível do Management”, para mostrar que estes produtos chegam na mesa na hora certa, quantidade certa e com a qualidade certa graças a milhares de administradores, supervisores, controladores de qualidade etc.

Esta idolatria constante do empresário e do empresariado, começando com Joseph Schumpeter, esquece que eles só chegaram lá com a ajuda de dezenas de gerentes, engenheiros, contadores e administradores que os ajudaram a realizar os seus sonhos.

Concordo que nossos administradores não são perfeitos nem tão brilhantes, que no desespero defendo-os de forma compulsiva e exagerada.

Continuo achando que precisamos ter mais Administradores Socialmente Responsáveis que pensem nos outros, do que Empresários com 51% do capital de suas empresas, o que normalmente acontece.

Sei que Empreendedores e Empresários são importantes para criar empresas novas, mas acho que administradores, como engenheiros, advogados empresariais, contadores e controllers são também essenciais para tornar estas empresas grandes e profissionais.

18 Comments on O Termo Empresário

  1. Excelente crítica Kanitz.
    Irritou-me ver a reportagem da Exame sobre Marina Silva nomeando Guilheme Leal como “sócio-fundador” da Natura, enquanto todos os outros, sem exceção, são titulados por suas respectivas profissões: “biólogo”, “economista”, “doutor em economia”, “engenheiro”, “sociólogo”, “PhD em economia”.
    Impressionante a discriminação que a mídia dá aos administradores no Brasil. Ser administrador deixou de ser profissão? Por que não se nomeou Leal como administrador? Impressionante!!!
    http://administralogia.blogspot.com

  2. Caro Kanitz, enfim a primeira frase positiva sobre economistas! Pelo menos quanto ao marketing da profissão é isso mesmo, só que predominantemente nos governos, pois nas empresas privadas os engenheiros tem muita força tb. Não creio que perderás 200 seguidores não, penso que criticamos muito forte buscando a evolução do debate. Tanto que gerou este post explicativo. Se alguem desistiu de seguir em função da crítica, nao deveria nem estar navegando por estes temas. Ao menos é meu ponto de vista, pois continuarei lendo, embora as vezes discorde de tudo!

  3. Acho que isso é coisa cultural, no mundo de fala inglesa é comum usar o termo “founder” ou “entrepreneur” para falar da função do que aqui se chama de “empresário”.

  4. Quando a Marina disse que o Brasil não precisa de “um gerente”, acredito que ela quis dizer que o Brasil não precisa de alguém que mande em tudo, mão de ferro, controlador (no mal sentido). Em muitos lugares “gerente” também é utilizado como um termo pejorativo, talvez por que muitos que chegam a posição de gerente agem como ditadores, carrascos e não como bom gestores de suas áreas.

  5. Creio que perdi o texto de meu comentário anterior, quando mencionei o inóspito ambienete de negócios do Brasil: estamos em 125, dentre 180 países, cf estudo Doing Business.
    Então, pode-se daí entender a luta cotidiana dos empresários brasileiros, especialmente os de micro, pqnas e médias empresas, para se manter vivo e competitivo, num mundo cada vez mais plano, com concorrência global.
    Como o Prof.Kanitz é super bem informado, e tem uma coerência testada por décadas, se 200 se vão, com certeza surgirão outros 400 seguidores.
    Por aquí, estamos firmes, conectados no que é bom.

  6. Parabéns, professor, mais um texto brilhante que mostra a amplitude e alcance do teu pensamento, lamentavelmente não acompanhado pelos 200 hipersensíveis. Mas é o preço que se paga na nossa cultura. Quem tem opinião própria e a divulga, e taxado de “dono da verdade”, “arrogante”, entre outros títulos. Como disse outro leitor acima, virão 400, e o senhor é digno destes e de outros tantos.

  7. Mesmo com o artigo atual, tentando colocar as coisas mais adequadamente VC foi infeliz no artigo anterior.
    Pelo que VC mesmo diz, as pessoas se auto denominam empresários quando “enricam” fraudulentamente. O melhor então é dizer que não são empresários, que são ladrões.
    Eu não me desliguei, não estou nos 200 que foi dito. O máximo que eu fiz foi guardar na gaveta a foto que estamos juntos num seminário nos anos oitenta no interior do estado. Eu apesar de ser mais velho estava como fã!
    Difícilmente VC estaria falando de Valérios e Dantas quando diz:- “De cada 5 empresários, 4 quebram a cara nos primeiros 5 anos e o restante sobrevive sonegando, indo de refís em refís”. Pela repercução VC viu que errou na dose.
    Vou tirar a foto da gaveta, mas vou trocar a moldura para mudar o clima.
    Grato pelo “afago”, sou economista. Até que enfim!!!!!

  8. Parabéns, sou administrador e concordo que nossa classe seja discriminada, desunida e tudo mais. O problema que “qualquer” um torna-se empreendedor, empresário, honestamente ou o contrário disto. Talvez seja nossa cultura de rotular quem é bom, vencedor, e não vencedor. Seja sonegador, “laranja”, banda suja, toda profissão está sujeita a isto.

  9. Ótimo post!! Kanitz
    Administradores são muito desvalorizados no Brasil, talvez porque durante um bom tempo (e ainda em alguns casos) pessoas que não possuem formação se intitulam “administradores” talvez isso tenha feito a profissão perder crédito… mas isso está mudando e espero que essa imagem seja desfeita e finalmente os administradores sejam valorizados.
    Abraço
    Eder

  10. Concordo contigo Stephen, na hora da perdas, é o empreário que paga o pato, na hora de culpar alguém pelas greves, são os empresários os culpados, na hora de problemas de emprego no Brasil, a culpa é dos empresários, na hora de pagar os impostos, quem paga? Os empresários…

  11. É isso ai Kanitz, gostei desse novo artigo. Não somente pelo conteúdo mas pela continuidade do debate. Se 200 o deixaram, com certeza não farão falta. Olha só pessoal que continua contigo. Muitos desses, cujos nomes ja nos são conhecidos, também não concordam com tudo. Exatamente como tem que ser, sem unanimidade. Mas estão todos sempre contribuindo para o enriqucimento dos temas. Esse é meu “velho” kanitz.

  12. Olá, Sr. Kanitz!
    Eu concordo com a tese de que o Brasil precisa de mais administradores na real acepção da palavra, isto é, aqueles comprometidos em levar a bom termo e com bom senso todas as teorias e práticas em prol do ótimo aproveitamentos dos recursos para favorecer as pessoas e o meio ambiente.

  13. Caro Stephen Kanitz,
    Havia muito tempo que eu estava para visitar teu site/blog; hoje lembrei disso. Primeiro, gostaria de parabenizar-te pela excelente palestra neste último Fórum da Liberdade aqui em Porto Alegre. Infelizmente, vivemos em ambiente de extremada indigência intelectual, a qual acomete inclusive pessoas com recursos de sobra para o investimento em sua educação. Assim, em meio a tanta besteira ou superficialidade, foi ótimo poder contar com sua explanação. Segundo, concordo quase integralmente com tuas palavras. Infelizmente, o empresário é visto como vilão em nosso país e o administrador uma figura que não desperta muita atenção; de modo que há muito bem distribuída por todo o espectro ideológico nacional a ideia do “fiat lux”, de que as coisas acontecem num passe de mágica, e assim não atentamos para a organização, o preparo e o emprego dos meios necessários à consecução de nossos objetivos, em última instância, dos objetivos nacionais. Faltam administradores, empreendedores, intelectuais e toda a sorte de profissionais orientadas para esse fim.
    Atenciosamente,
    V.P.

  14. Bom pessoal tenho algo importante a falar para vocês espero que me entendão sou um jovem pobre moro no maranhão e meu pai sofreu um acidente preciso de ajuda para comprar medicamentos para ele e pagar um plano de saúde por favor ajudem me se poderem entre em contato no email :juniorrdgs@hotmail.com agradeço.

  15. Kanitz, você contiuará com seus seguidores administradores ou não, pois fala com sabedoria e fatos reais. Eu administrador, deixei de ser empresário no último dezembro por não aguentar mais as pesadas cargas tributárias, além de uma legislação trabalhista paternalista, que trata os colaboradores como filhos e hoje mandam na empresa. Tudo o que havia ganho na minha vida foi investido ali e não dava mais para aguentar a tensão de ser empresário, refletindo inclusivo nos maus tratos à minha própria família, que não tinham nada a ver com isso. Hoje trabalho em casa e sou especulador de mercado. Já tirei férias, minha família está aqui e sou muito feliz. Não tenho o menor interesse em gerar empregos…

  16. Bom dia Stephen. A “vilanização” do empresariado, se deve, não somente à nossa cultura social, mas exatamente ao que a classe empresária brasileira tem praticado nos últimos 40 ou 50 anos. São poucos os empresários (termo que se estende à toda uma classe de empreendedores) que se preocupam em oferecer à sociedade de maneira geral, o retorno dos benefícios que obtém com os ganhos que esta lhes proporciona. Eike Batista, por exemplo, é o tipo de empresário modelo no Brasil e não é tão mal visto por ter a maior fortuna acumulada do país, justamente por declarar sempre que todas as suas ações empresariais estão concentradas no país, no sentido de levar ao crescimento mútuo. Compará-lo a Daniel Dantas, por exemplo, seria um grande erro, pois um vive do que produz e o outro vive do que os outros produzem. Se o termo empresário se tornou pejorativo, é exatamente porque a ganância de tudo querer, sem nada oferecer em troca domina a classe e levou o país à grande desigualdade social que perdura há anos e que somente agora está diminuindo. Justamente agora, quando os governos ditos populares, elevaram o tom contra esse tipo de “empresários”. Não é possível manter um ritmo sustentável de crescimento concentrando a renda nas mãos de apenas 5 ou 6% da população que vivi às custas da miséria e do desemprego. Numa sociedade justa, ou crescemos todos, ou vamos todos juntos para o buraco. Não pode haver espaço para o individualismo. Comprar uma Ferrari, mesmo que em um leilão, não vai gerar empregos no país. Não vai ajudar a produzir um parafuso sequer e representa mais do que o ganho de uma vida inteira de um trabalhador brasileiro mediano. E foi por isso que a imprensa pegou pesado com o filho do “empresário” Eike Batista naquele infeliz atropelamento do ciclista, que voltava para casa em sua humile bicicleta. Do lado de quem a opinião pública vai ficar? Será que se fosse qualquer outra pessoa, dirigindo qualquer outro carro, gerando exatamente o resultado que gerou, a opinião pública daria a devida atenção? Como dizia Bruce Lee: “O que você sabe não tem valor. O valor está no que você faz com o que você sabe.” e é este o tipo de pensamento que nossos empresários deveriam ter. Ser um empresário não quer dizer nada. O que o empresário faz é que diz muito sobre o que ele é.
    Um grande abraço e um excelente final de semana!

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